Intolerância religiosa

Pastor pernambucano é condenado a pagar R$ 100 mil por associar religiões de matrizes africanas a satanismo

Aijalon Berto Florêncio atacou um painel pintado no Túnel da Abolição, no Recife, dizendo que o desenho era uma "reverência a entidades satânicas"

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Gabriel dos Santos

Publicado em 27/09/2023 às 8:59
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O pastor evangélico Aijalon Heleno Berto Florêncio foi condenado pela Justiça de Pernambuco por discriminação religiosa. A decisão saiu agora em setembro de 2023 e indica que ele terá de pagar R$ 100 mil de multa e cumprir 2 anos e 6 meses de reclusão em regime aberto.

Em 2021, Aijalon postou um vídeo nas redes sociais atacando um mural pintado no Túnel da Abolição, na zona oeste do Recife. O desenho, intitulado "Do Orun ao Aiye: Afrika Elementar", faz referências às ancestralidades afrobrasileiras e foi pintado por Adelson Boris, Nathê Ferreira e Emerson Crazy.

De acordo com o Blog de Jamildo, no vídeo, o pastor disse que o painel instalado em um local público da capital pernambucana fazia "reverência a entidades satânicas, espíritos das trevas", e de que se tratava de "culto a demônios, culto satânico".

"Quero denunciar que as pinturas grafitadas no Túnel da Abolição não são apenas gravuras, são pontos de contato com poderes dantescos, com poderes demoníacos", disse.

Condenação

A sentença foi proferida pela juíza Ana Vieira Pinto, da Vara Criminal da Comarca de Igarassu. 

Na decisão, a magistrada enfatizou que a conduta do pastor foi "uma agressão calcada no ódio e no preconceito que viola gravemente os direitos fundamentais".

A juíza explicou que o crime cometido foi "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional", previsto no artigo 20, § 2º, da Lei nº 7.716/89.

O Blog de Jamildo não conseguiu contato com a defesa do pastor.

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