Irmã de médico assassinado no RJ, deputada Sâmia Bomfim sofre ameaças e se licencia da Câmara dos Deputados
Sâmia Bomfim (PSOL-SP) é irmã de Diego Bomfim, um dos médicos mortos por traficantes em quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no início de outubro

Irmã de um dos médicos mortos por traficantes em um quiosque do Rio de Janeiro no início do mês, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) pediu licenciamento da Câmara dos Deputados.
Sâmia é irmã de Diego Bomfim, de 35 anos, um dos três médicos ortopedistas mortos, provavelmente, quando um deles foi confundido com um miliciano por traficantes. O crime ocorreu no dia 5 de outubro na Barra da Tijuca.
SÂMIA SE LICENCIA DA CÂMARA
Em nota publicada no X (antigo Twitter), a equipe de Sâmia explica que o afastamento é temporário e que se deve "em decorrência da situação".
Segundo a nota, no período em que Sâmia estiver licenciada, a equipe da deputada continuará trabalhando, em Brasília e em São Paulo, em prol das "lutas por justiça social e em defesa dos direitos do povo".
A equipe afirmou ainda que Sâmia continuará lutando por Justiça pela morte do irmão e dos outros dois médicos amigos de Diego, Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, e Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos.
"Com isso [a luta por justiça], também fortalecemos a luta por um modelo de sociedade em que o combate ao crime seja feito com inteligência e efetividade e no qual a segurança pública, assim como todas as áreas sociais, seja valorizada e garantida, respeitando os direitos de todas e todos", diz a nota.
AMEAÇAS
Em entrevista ao jornal O Globo, Sâmia Bomfim disse que, após a morte do irmão, recebeu e-mails com ameaças. Algumas mensagens reivindicavam a autoria do crime. Em outros e-mails, diziam que ela seria a próxima a ser morta. As ameaças também foram endereçadas ao marido, o também deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), e ao filho do casal.
As ameaças fizeram com que Sâmia tenha pedido reforço na segurança. As ameaças foram encaminhas à Polícia Federal.
Também na entrevista, Sâmia disse que chegou a pensar que a morte do irmão teria sido uma retaliação contra a atividade política dela, mas que, hoje em dia, acredita na versão apresentada pela Polícia carioca de que um dos médicos tenha sido confundido com um miliciano.
INVESTIGAÇÃO SOBRE MORTE DE MÉDICOS
De acordo com a Polícia do Rio de Janeiro, os médicos foram assassinados por engano.
Para a polícia, o verdadeiro alvo dos traficantes seria Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, miliciano que atua na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Taillon disputa o controle do tráfico de drogas contra uma quadrilha no bairro de Jacarepaguá e seria o verdadeiro alvo dos traficantes. Ele foi preso em 2020, mas está em liberdade desde março.
SEMELHANÇA FÍSICA
Taillon é fisicamente muito parecido com o médico Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos, um dos mortos. Os dois são brancos, carecas, usam barba e óculos. Veja a foto:
À esquerda, o miliciano Taillon; à direita, o médico Perseu - médicos podem ter sido mortos por engano no Rio de Janeiro - Reprodução/TV Globo
O endereço de Taillon é a Avenida Lucio Costa, onde está localizado o quiosque onde o crime aconteceu. Existe a suspeita de que algum informante passou pelo local, avistou Perseu, confundiu com Taillon, e avisou aos traficantes de que o miliciano estava no local quando, na verdade, tratava-se do médico.
A câmera de segurança que registrou as execuções prova que um dos assassinos volta ao local para confirmar que Perseu foi atingido.
Além de Perseu, também foram assassinados Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, e Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos. Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, também foi ferido, mas está vivo.
Suspeitos mortos
No final da noite de quinta-feira (5), suspeitos de matar os médicos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foram encontrados mortos.
No total, foram encontrados quatro corpos e a Polícia Civil confirmou que ao menos dois deles são de traficantes suspeitos de envolvimento nas execuções que chocaram o país, em especial, a comunidade médica.
Os corpos estavam em dois carros. Um dos veículos tinha três corpos e estava na Rua Abrahão Jabour, perto Riocentro. O segundo veículo tinha mais um corpo e estava na Avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão, na Gardênia Azul.
Quem são os suspeitos encontrados mortos?
- Philip Motta Pereira, o Lesk: o corpo foi encontrado no carro localizado na Gardênia.
- Ryan Nunes de Almeida, o Ryan: corpo encontrado na Abrahão Jabour.
As identidades dos outros dois corpos ainda não foi revelada. A Polícia Civil, segundo o portal G1, conseguiu concluir que outros suspeitos de envolvimento nas execuções dos médicos não estão entre os mortos dentro dos carros. São eles:
- Bruno Pinto Matias, o Preto Fosco, e
- Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW