Milícias do Rio de Janeiro

O QUE É MILÍCIA NO RIO DE JANEIRO? Zinho, Abelha e Tandera são os apelidos dos maiores milicianos; veja o que fazem e quem são

Milicianos usam armas e violência para impor respeito; moradores de favelas são obrigados a respeitar decisões das milícias que agem como se fossem donas do local

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Gabriel dos Santos

Publicado em 25/10/2023 às 9:36 | Atualizado em 25/10/2023 às 9:38
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Quem acompanha as notícias da imprensa nacional está acostumado a ouvir falar em "milícias do Rio de Janeiro". Nesta página, entenda o que é uma milícia, como elas atuam e os crimes que cometem, além de conhecer quem são Zinho, Tandera e Abelha, os milicianos mais procurados pela Polícia do Rio.

O QUE É MILÍCIA NO RIO DE JANEIRO?

Os milicianos atuam em vários crimes. Resumidamente, é possível descrever que elas agem como se fossem verdadeiras "donas" de algumas regiões do Estado do Rio de Janeiro.

Para se ter uma ideia, em vários desses lugares dominados pelos milicianos, moradores e comerciantes são obrigados a pagar as chamadas "taxas de segurança", valores cobrados para a garantia de que "nada de ruim" acontecerá com essas vítimas.

  • Vale lembrar que há diversos grupos de milicianos espalhados pelo Estado do Rio de Janeiro. Cada grupo opera em uma região e, em alguns casos, há disputa entre as facções criminosas por território.

Os milicianos também concentram para si o comércio de gás, serviço clandestino de TV a cabo e licenças para serviços de transporte de passageiros, como vans e moto-táxi, por exemplo. Nas regiões dominadas, são os milicianos que determinam o jeito de viver das pessoas - o que pode e o que não pode é decisão da milícia.

ZINHO, TANDERA E ABELHA: Quem são os três maiores milicianos do Rio?

Após uma nova onda de violência no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) anunciou uma lista com os nomes dos três chefes de milícias mais procurados do Estado. São eles: Zinho, Tandera e Abelha. 

Zinho

Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho, tem 44 anos de idade, que domina algumas regiões da zona oeste da capital fluminense. Teria partido de Zinho a ordem para o ataque contra ônibus que causou caos e pânico em boa parte do Rio de Janeiro na última segunda-feira (23).

O ataque foi uma represália à morte de Matheus da Silva Rezende, também conhecido como Faustão e Teteu, que era sobrinho e braço direito de Zinho no comando da facção. Rezende morreu em uma troca de tiros com policiais em uma comunidade na manhã da segunda-feira.

Zinho tem uma casa no Recreio avaliada em R$ 1,5 milhão. Na mansão, policiais encontraram durante uma operação R$ 125 mil em espécie, além de muitas joias e relógios.

Descrito como homem com grande habilidade para fazer as contas das atividades criminosas, Zinho ascendeu à liderança da milícia após a morte do próprio irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021.

Zinho também é investigado por envolvimento na morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, morto em 2022. Jerominho seria o fundador da milícia Liga da Justiça.

Tandera

Danilo Dias Lima, o Tandera, tem 37 anos. Por muito tempo, ele foi parceiro de Zinho e Ecko, mas rompeu com a facção e se aliou a outros criminosos.

Tandera é descrito como homem de perfil cruel, violento e que usa armas pesadas. Há registros de vítimas decapitadas por ordem do miliciano, que posou em fotos ao lado dos corpos esquartejados dos desafetos.

Hoje, ele comanda regiões de cidades como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Tandera também chegou a lavar dinheiro com criptomoedas. 

Desde 2016, Tandera é investigado por crimes como organização criminosa, homicídios e lavagem de dinheiro.

Abelha

O terceiro da lista é Wilson Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, de 52 anos. Segundo os policiais, ele é o único que lida diretamente com o tráfico de drogas e é um dos líderes do Comando Vermelho.

Abelha tem trânsito entre traficantes e milicianos - o que não é padrão. Ele foi um dos criminosos do Comando Vermelho que decidiu pela invasão, em 2020, ao Morro de São Carlos, que estava dominado por uma facção rival.

Na ocasião, durante uma troca de tiros, Ana Cristina da Silva, de 25 anos, foi atingida por uma bala de fuzil e morreu, enquanto tentava proteger o filho, um garotinho de 3 anos de idade. Hoje, há cinco mandados de prisão contra Abelha expedidos pela Justiça do Rio de Janeiro.

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