Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid disse que partiu do próprio Jair Bolsonaro a ordem de confecção de cartões fraudados de vacinação contra covid-19 em nome do ex-presidente da República. As informações são do colunista do UOL Aguirre Talento que checou a apuração com três fontes diferentes.
Mauro Cid foi ajudante de ordens da Presidência da República, enquanto Jair Bolsonaro esteve no poder, entre 2019 e 2022. Em depoimento à PF, Cid confessou participação no esquema de fraude do cartão de vacinação de Bolsonaro.
O objetivo da fraude seria facilitar a entrada de Bolsonaro em países que obrigavam a apresentação da comprovação de vacinação durante a pandemia do novo coronavírus.
O UOL procurou o advogado e ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, que negou as acusações de Mauro Cid.
"Eu garanto que o presidente nunca pediu nem pra ele, nem para a filha dele. Até porque o mundo inteiro conhece a posição dele sobre as vacinas, e o visto dele, como presidente da República, não necessitava de comprovante de vacina. A filha menor de idade também não tinha necessidade, razão pela qual não fez qualquer pedido ao tenente-coronel Mauro Cid sobre os certificados", disse Wajngarten.
O QUE MAIS MAURO CID JÁ DISSE EM DELAÇÃO PREMIADA?
Após perder o segundo turno das eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro consultou militares de alta patente sobre um plano para dar um golpe de estado no Brasil.
A informação, segundo o portal UOL, consta de um depoimentos dado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid.
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De acordo com a reportagem, Mauro Cid explicou à Polícia Federal que Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto para convocar novas eleições e prender adversários. O rascunho foi entregue pelo assessor Filipe Martins.
Logo depois, Jair Bolsonaro apresentou o teor da minuta a militares de alta patente.
O então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi favorável ao golpe, mas não recebeu apoio dos demais colegas do Alto Comando das Forças Armadas.
Mauro Cid afirmou à Polícia Federal que testemunhou a reunião em que Filipe Martins entregou a minuta de golpe, bem como a reunião entre Jair Bolsonaro e os militares.
Delação homologada
A delação de Mauro Cid foi homologada no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes.
Uma das suspeitas dos investigadores é de que essas articulações possam ter levado aos atos golpistas do 8 de Janeiro.
Agora, as investigações continuam e os policiais farão diligências para tentar confirmar as alegações de Cid. Ele também poderá ser convocado para novos depoimentos, a fim de sanar dúvidas dos investigadores.