DELAÇÃO PREMIADA

Delação premiada: Mauro Cid diz que ideia de fraudar cartão de vacinação partiu de Jair Bolsonaro

Mesmo sem ter se vacinado contra covid-19, Jair Bolsonaro tinha cartão de vacinação atestando imunização; veja o que Mauro Cid disse à Polícia Federal sobre envolvimento do ex-presidente na fraude

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Gabriel dos Santos

Publicado em 24/10/2023 às 8:53
- Alan Santos/PR

Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid disse que partiu do próprio Jair Bolsonaro a ordem de confecção de cartões fraudados de vacinação contra covid-19 em nome do ex-presidente da República. As informações são do colunista do UOL Aguirre Talento que checou a apuração com três fontes diferentes.

Mauro Cid foi ajudante de ordens da Presidência da República, enquanto Jair Bolsonaro esteve no poder, entre 2019 e 2022. Em depoimento à PF, Cid confessou participação no esquema de fraude do cartão de vacinação de Bolsonaro. 

O objetivo da fraude seria facilitar a entrada de Bolsonaro em países que obrigavam a apresentação da comprovação de vacinação durante a pandemia do novo coronavírus.

O UOL procurou o advogado e ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, que negou as acusações de Mauro Cid.

"Eu garanto que o presidente nunca pediu nem pra ele, nem para a filha dele. Até porque o mundo inteiro conhece a posição dele sobre as vacinas, e o visto dele, como presidente da República, não necessitava de comprovante de vacina. A filha menor de idade também não tinha necessidade, razão pela qual não fez qualquer pedido ao tenente-coronel Mauro Cid sobre os certificados", disse Wajngarten.

O QUE MAIS MAURO CID JÁ DISSE EM DELAÇÃO PREMIADA?

Após perder o segundo turno das eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro consultou militares de alta patente sobre um plano para dar um golpe de estado no Brasil.

A informação, segundo o portal UOL, consta de um depoimentos dado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid.

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De acordo com a reportagem, Mauro Cid explicou à Polícia Federal que Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto para convocar novas eleições e prender adversários. O rascunho foi entregue pelo assessor Filipe Martins.

Logo depois, Jair Bolsonaro apresentou o teor da minuta a militares de alta patente.

O então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi favorável ao golpe, mas não recebeu apoio dos demais colegas do Alto Comando das Forças Armadas.

MARINHA Almirante Almir Garnier também não era o primeiro da fila pelo critério de mais tempo de serviço, mas também foi escolhido pelo presidente para chefiar a Força - VALTER CAMPANATO / AGÊNCIA BRASIL

Mauro Cid afirmou à Polícia Federal que testemunhou a reunião em que Filipe Martins entregou a minuta de golpe, bem como a reunião entre Jair Bolsonaro e os militares.

Delação homologada

A delação de Mauro Cid foi homologada no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes.

Uma das suspeitas dos investigadores é de que essas articulações possam ter levado aos atos golpistas do 8 de Janeiro.

Agora, as investigações continuam e os policiais farão diligências para tentar confirmar as alegações de Cid. Ele também poderá ser convocado para novos depoimentos, a fim de sanar dúvidas dos investigadores.

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