CRIME

Homem apontado como autor de estupro de adolescente diz que situação não passou de uma "brincadeira"

Para se justificar, homem alega que não foi o único

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Vitória Floro

Publicado em 07/11/2023 às 10:28
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Após a denúncia de uma menor de 15 anos que teria sido estuprada por dois homens, um de 20 e outro de 22 anos, ganhar destaque, um dos acusados gravou um vídeo e o compartilhou nas redes sociais na tentativa de explicar o que ocorreu. Nas imagens, o homem de 22 anos descreve o ato como "uma brincadeira" e reconhece que o grupo "ultrapassou os limites".

"Sim, eu sei que ultrapassamos os limites com a brincadeira, mas o vídeo que está circulando mostra apenas eu fazendo essa brincadeira, embora não tenha sido apenas eu. Depois de um tempo, fui para o quarto e ocorreu a relação. Eu reconheço que ultrapassamos os limites", afirmou.

Nesta segunda-feira (6), a prefeitura de Nova Iguaçu disponibilizou psicólogos para prestar apoio emocional à vítima. O crime teria ocorrido na última sexta-feira (3) na casa de uma amiga da jovem, na cidade da Baixada Fluminense.

O caso foi inicialmente registrado na 58ª DP (Posse), mas devido a uma série de irregularidades, como a demora no registro do caso e a condução da menor até o local do crime pelos investigadores sem a presença de um adulto, a investigação foi transferida para a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade. Agora, uma delegada mulher comandará a investigação.

Apenas três dias após o suposto crime, a Polícia Civil registrou oficialmente o caso. A menor e sua família alegaram demora e negligência das autoridades no tratamento do caso.

Segundo a jovem, ela só soube do estupro após as imagens gravadas pelos suspeitos serem divulgadas na internet.

"Eu não tinha conhecimento de que tinha sido estuprada, até que eles divulgaram na mídia que eu havia sido estuprada. Não consigo assistir os vídeos, pois apenas visualizar as imagens é perturbador e elas estão circulando pelas redes sociais, sendo amplamente vistas por todos. Não tenho memória do ocorrido, não recordo quando começou, nem quando terminou. Só quero minha vida de volta", destacou a menor.

Após prestar depoimento, a menor foi levada em uma viatura que transportava apenas homens até a casa de uma amiga, onde supostamente ocorreu o abuso.

Posteriormente, a vítima e os investigadores se dirigiram à residência dos supostos agressores. Três menores foram conduzidos à delegacia sem a presença de responsáveis e advogados.

Um laudo médico do Hospital da Posse teria constatado a agressão sexual à menor.

Em resposta ao G1, a Polícia Civil informou que o procedimento adotado não está em conformidade com as orientações de atendimento ao público, especialmente no caso de uma vítima menor de idade.

"Será instaurado um procedimento interno para investigar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência", afirmou a nota da polícia.

De acordo com o criminalista Wallace Martins, o depoimento é passível de anulação.

"Não ser ouvida na presença dos pais acarreta na nulidade, a menos que um advogado seja contratado. Na prática, é difícil imaginar um menor contratando um advogado sem a presença dos pais, da mãe ou do responsável. Quando a defesa tiver a primeira oportunidade de se manifestar, deverá levantar a questão da nulidade, pois, caso não o faça, a nulidade será superada e o processo continuará com essa falha em sua defesa."

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