O Partido Liberal formalizou o pedido de cassação do mandato de André Janones (Avante), após virem à tona áudios em que ele aparece cobrando parte do salário de servidores - prática conhecida como rachadinha.
O pedido de cassação foi apresentado na última terça-feira (28) e será encaminhado pela presidência da Câmara ao Conselho de Ética.
Ao Metrópoles, o presidente do conselho, Lomanto Júnior (União Barsil), afirmou que vai "aguardar chegar a representação no conselho e seguir o rito legal".
Seguindo os trâmites, Lomanto Júnior designará um relator, que, por sua vez, poderá emitir um parecer pela instauração ou pelo arquivamento do processo.
Na segunda-feira (27), quando o primeiro áudio de Janones foi revelado pelo colunista Paulo Capelli, o deputado Nikolas Ferreira (PL) afirmou que ia acionar a PGR e o Conselho de Ética contra o parlamentar do Avante.
Rachadinha de Janones
O primeiro áudio revelado pelo Metrópoles mostra o deputado federal André Janones cobrando a devolução de parte dos salários de servidores para pagar despesas pessoais.
"Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha", diz Janones.
"Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, contou o parlamentar.
Um segundo áudio, revelado na terça-feira, mostra Janones pedindo que os servidores depositem uma quantia dos seus respectivos salários para bancar a campanha eleitoral do seu grupo político.
"Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser R$ 50, se vai ser R$ 100, R$ 200, se cada um dá proporcional ao salário. Se cada um der R$ 200 na minha conta, vai ter mais ou menos R$ 200 mil para a gente gastar nessa campanha”, disse o parlamentar nesta segunda gravação.
O que diz Janones
Sobre o primeiro áudio, revelado ontem, André Janones afirmou que a gravação foi tirada de contexto para tentar imputar a ele um crime que não cometeu.
"Essas denúncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialidade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados", disse ele, denunciando que a extrema direita estaria orquestrando um ataque em massa. No mais, repito eu NUNCA recebi um único real de assessor, não comprei mansões, nem enriqueci e isso por uma simples razão, EU NUNCA fiz rachadinha", disse.
A respeito do segundo áudio, publicado nesta terça-feira, ele diz que a captura foi feita de forma criminosa e que a gravação corrobora a história de que nunca existiu esquema de rachadinha.
"Era uma conversa com amigos (meu grupo político) e eu sugiro inclusive uma vaquinha/caixinha para bancar A CAMPANHA DELES em 2020. Era uma sugestão, apesar de legal nunca passou de uma sugestão, na sugestão cada um poderia contribuir com o valor que quisesse, todos tinham opinião e a possibilidade de decidir valor e se contribuiria ou não", ", escreveu Janones em uma rede social.