Em meio às apurações sobre as acusações de atividades de espionagem dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que o setor paralelo da entidade estava monitorando a promotora encarregada do caso Marielle Franco.
A identificação dessas atividades clandestinas pela Abin paralela surgiu após a detecção de um formato que deixava rastros no sistema, evidenciando espionagens não autorizadas.
CASO MARIELLE FOI MONITORADO PELA ÁREA PARALELA DA ABIN A PEDIDO DE RAMAGEM
De acordo com a coluna de Letícia Casado no Uol, as investigações conduzidas pela CGU revelaram que os documentos impressos relativos a esses monitoramentos paralelos geraram registros no sistema, permitindo a revelação de seu conteúdo.
Seguindo essa lógica, os investigadores encontraram nos documentos da chamada "Abin paralela" o currículo da promotora do caso Marielle Franco, desprovido da logomarca da agência e sem qualquer vínculo com os alvos anteriormente apresentados.
Ao identificar que o documento foi impresso dentro da agência, a análise descobriu que os materiais relacionados ao caso Marielle Franco foram solicitados a membros específicos da Polícia Federal pelo então diretor da Abin, o atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
A operação desta semana no apartamento de Ramagem em Brasília e em seu gabinete na Câmara dos Deputados, além da suspensão de policiais envolvidos, está aparentemente vinculada a essa descoberta em relação ao caso Marielle.
Segundo O Globo, durante as ações de busca e apreensão nesses locais, a PF apreendeu seis celulares e quatro notebooks. Entre eles, um notebook e um celular sob posse de Ramagem pertenciam à Abin.
Também foram confiscados 20 pen drives vinculados à entidade na residência do parlamentar, juntamente com documentos relacionados aos dados da Abin. O deputado deixou a agência há mais de um ano.