ALA DA VAI-VAI

Vai-Vai na mira de Tarcísio e Nunes: Deputados querem cortar verbas da escola

Tema de ala da Vai-Vai irritou políciais e alguns parlamentares

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Paloma Xavier

Publicado em 13/02/2024 às 20:25 | Atualizado em 13/02/2024 às 20:28
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O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) e a deputada estadual Dani Alonso (PL-SP) protocolaram ofícios ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e ao prefeito Ricardo Nunes solicitando a punição da escola de samba Vai-Vai por seu desfile no último sábado (10). A reivindicação dos parlamentares é que a agremiação seja impedida de receber recursos públicos tanto da Prefeitura de São Paulo quanto do Governo do Estado no próximo ano.

A escola levou ao sambódromo do Anhembi o enredo "Capítulo 4, Versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano", retratando uma série de eventos culturais historicamente importantes, como a Semana de Arte de 1922 e o nascimento do movimento hip hop.

Reprodução/Instagram/@vaivaioficial

Vai-Vai tinha como objetivo fazer alusão ao álbum 'Sobrevivendo no Inferno1, lançado pelo grupo de rap Racionais MC's com músicas que denunciam a violência policial, - Reprodução/Instagram/@vaivaioficial

Com o objetivo de protestar contra o preconceito, a Vai-Vai tinha uma ala composta por pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque da polícia paulista que usavam chifres e asas vermelho-alaranjadas, parecendo demônios. A proposta era fazer alusão ao disco "Sobrevivendo no Inferno", lançado pelo grupo de rap Racionais MC's com músicas que denunciam a violência policial, em especial contra jovens negros.

A homenagem foi recebida com aplausos e gritos de apoio pelo público presente no Sambódromo do Anhembi. Nas redes sociais, a iniciativa da Vai-Vai também foi elogiada por muitos internautas.

Ofício

"Proponho que a escola de samba Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta irresponsável e ofensiva demonstrada. Tal medida não apenas servirá de punição apropriada, mas também como um claro sinal de que ofensas contra as instituições e profissionais de segurança não serão toleradas em nosso estado", afirma documento para Tarcísio de Freitas.

O mesmo ofício foi enviado a Nunes. Contudo, no início da tarde, o prefeito de São Paulo disse ao Estadão que não recebeu o ofício, mas que vai analisar o pedido feito pelos parlamentares.

O tema da ala já tinha gerado manifestações entre policiais e líderes políticos após o desfile da Vai-Vai. "A que ponto chegamos?" indagou o deputado Alberto Fraga (PL-DF), líder da bancada da bala e 1º vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara. O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) expressou sua insatisfação com o desfile, afirmando que a escola "ridicularizou a imagem dos agentes da lei".

Nota da Vai-Vai

A escola Vai-Vai divulgou nota sobre a repercussão nesta segunda-feira (12). Confira:

“A ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o Carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MC's, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento.

Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica. Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile.”

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Esta matéria contém informações do UOL/Estadão

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