eleições 2024

Medida do TSE sobre uso de IA pode contribuir no combate às fake news para as Eleições 2024, diz especialista

Resolução criada pela corte deverá ser acompanhada por colaboração internacional e compartilhamento de melhores práticas para métodos mais eficientes

Cadastrado por

Marcelo Aprígio

Publicado em 02/03/2024 às 6:00
TSE vota regra para inteligência artificial nas eleições - © Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Inteligência Artificial tem sido um dos temas mais discutidos nos últimos anos, e seu impacto nas eleições municipais de 2024 no Brasil será inevitável.

Com mais de 150 milhões de eleitores distribuídos pelos 5,5 mil municípios do país onde os cargos serão disputados, é esperado que as campanhas sejam influenciadas pelas estratégias tecnológicas que replicam padrões de comportamento humanos.

Em vista desse impacto da IA em mais um processo eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou uma resolução na última quarta-feira (27) para regular o uso dessa tecnologia durante as eleições programadas para outubro.

Segundo Alexander Coelho, sócio do escritório Godke Advogados, especializado em Direito Digital e Proteção de Dados, a resolução do TSE estabelece marcos regulatórios significativos.

Uma das medidas mais marcantes é a proibição explícita da manipulação de conteúdo falso para criar ou substituir a imagem ou voz de candidatos, o que efetivamente impede o uso de deepfakes com propósitos maliciosos.

“A limitação no uso de chatbots e avatares para simular interações humanas também é crucial, pois garante que os eleitores estejam cientes de quando estão interagindo com a IA, mantendo a transparência na comunicação”. Essas medidas visam preservar a autenticidade das informações e a confiança no processo eleitoral.

Na visão do advogado, a medida adotada pelo TSE pode contribuir para o combate às fake news, principalmente ao estabelecer diretrizes claras para o uso de IA e ao responsabilizar as plataformas de redes sociais pela circulação de conteúdos inverídicos ou descontextualizados.

“No entanto, a eficácia no combate às fake news não se resume apenas a regulamentação, mas também à educação digital, ao desenvolvimento de tecnologias de detecção de conteúdo falso e à colaboração entre empresas de tecnologia, autoridades e sociedade civil”, ponderou Coelho.

DESAFIO PARA O TSE

A fiscalização do uso indevido de IA nas eleições representa um desafio técnico e operacional significativo.

“O TSE precisará empregar tecnologias avançadas de monitoramento e análise de dados, além de trabalhar em conjunto com as plataformas de mídia social e especialistas em segurança cibernética”, acrescentou o especialista em Direito Digital.

Para ele, a colaboração internacional e o compartilhamento de melhores práticas podem ser fundamentais para desenvolver métodos eficientes de detecção e prevenção de abusos.

As consequências para o uso indevido de IA podem variar desde sanções administrativas, como multas e advertências, até implicações criminais, dependendo da gravidade do ato e do dano causado ao processo eleitoral.

“O uso de IA para difamar candidatos ou manipular o eleitorado pode resultar em processos judiciais, perda de mandato e inelegibilidade. O TSE e outras autoridades competentes têm o poder de aplicar essas sanções para assegurar a integridade das eleições e a confiança pública nas instituições democráticas”, concluiu.

Tags

Autor

Webstories