CHUVAS NO RS

Bairros e pontes vão precisar de outro padrão de construção no RS

Análise é da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva

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Pedro Lima

Publicado em 11/05/2024 às 11:15
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A reconstrução da infraestrutura urbana e das obras públicas no Rio Grande do Sul, que foram devastadas por enchentes, deve agora considerar o "novo normal" climático.

Esta abordagem inclui o recalculo da capacidade das estruturas para suportar eventos extremos.

Esta foi a avaliação de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, durante uma entrevista exclusiva ao telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil, na noite de sexta-feira (10).

Reavaliação das Construções Existentes

"Com certeza, teremos que nos adaptar. Algumas coisas poderão ser reconstruídas [como eram], mas outras podem não ser possível mais essa reconstrução, pelo menos naquele mesmo lugar ou da mesma maneira," afirmou a ministra.

Ela destacou que tanto infraestruturas públicas como pontes, quanto áreas residenciais, precisarão ser reavaliadas para se adaptarem às novas demandas climáticas.

"As pontes levadas pelas correntezas não poderão ser reconstruídas no mesmo lugar e não terão a mesma altura, e talvez não terão a mesma espessura, aí vai depender de uma avaliação técnica. Alguns bairros e comunidades talvez tenham que ser removidos para outras áreas, e tudo isso é muito doloroso," explicou Marina Silva.

Alerta sobre Repetição de Tragédias

"Não podemos ficar repetindo os mesmos problemas," prosseguiu a ministra, recordando outras tragédias causadas por enchentes no estado, como as que devastaram o Vale do Taquari no ano anterior. "O clima mudou, a realidade mudou, vamos conviver cada vez mais com esses extremos," alertou.

Estratégias de Adaptação e Mitigação

Além de lamentar as perdas humanas irreparáveis, Marina Silva ressaltou a importância de mitigar prejuízos materiais futuros através de ações adaptativas.

Essas ações incluem a redução do desmatamento e das emissões de CO2, cruciais para o manejo não só de desastres, mas da emergência climática como um todo.

Desafios de Resiliência Urbana

O volume de chuvas da última semana, que excedeu 500 milímetros, evidenciou a falta de resiliência das cidades para gerenciar tais volumes de água.

"Não ter rios assoreados, respeitar a mata ciliar, não ter edificações às margens de rios e córregos, isso ajuda muito. Ter sistemas de drenagem, sistemas de encostas, desobstrução de rios e galerias. Todas essas intervenções, combinadas, são muito importantes," analisou a ministra.

Implementação do Plano Clima

A superação dos paradigmas antigos sobre eventos naturais ilustra a urgência de ações climáticas estruturais, defendeu Marina Silva.

O governo federal planeja introduzir o Plano Clima, que focará na previsão de ações de adaptação e mitigação para todos os setores da sociedade, enfatizando o planejamento urbano nos 1.942 municípios brasileiros suscetíveis a eventos climáticos extremos.

Segundo a ministra, é fundamental estabelecer sistemas de alerta eficientes, criar rotas de fuga, e garantir a estocagem de alimentos, água potável e medicamentos, além de equipar locais públicos para acolher rapidamente a população em caso de desastre.

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