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Alepe discute medidas para aumentar segurança no futebol

Audiência da comissão de Esporte e Lazer recebeu o presidente da FPF, do Náutico e representantes da segurança pública

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Rodrigo Fernandes

Publicado em 16/05/2024 às 12:19 | Atualizado em 16/05/2024 às 15:50
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Uma audiência pública promovida pela Comissão de Esporte e Lazer da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) debateu, na última quarta-feira (15), a necessidade de novas medidas para garantir a segurança nos estádios de futebol.

Uma das iniciativas discutidas no encontro foi o uso de tecnologias como o reconhecimento facial e a utilização de instrumentos de interceptação de conversas por celular para prevenir duelos entre torcidas organizadas e novos episódios de violência.

Em relação às conversas por aplicativo, a ideia discutida é a de se antecipar aos baderneiros e dissolver possíveis encontros marcados dias antes da realização das partidas e eventos, buscando prevenir possíveis crimes.

O monitoramento das redes sociais das pessoas envolvidas e o uso de drones nas imediações dos clubes também foram citados.

Reprodução/Alepe

O deputado Júnior Tércio (PP), presidente da Comissão de Esportes da Alepe - Reprodução/Alepe

O presidente da comissão e requerente da audiência, deputado estadual Júnior Tércio (PP), afirmou que essas medidas precisam ser adotadas "urgentemente". Ele também defendeu o reforço do policiamento nos estádios e se posicionou contra a torcida única.

"A violência tem afastado torcedores, além de levar uma imagem muito negativa dos clubes e da política de segurança do nosso Estado. Estamos aqui para ouvir informações, e sei que todos contribuem de alguma maneira com esse debate”, disse.

Juiz quer repetir ações do Carnaval

Segundo o titular do Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo e Criminal do Torcedor, Flávio Fontes, muitas dessas medidas já têm sido adotadas em grandes festas, como no Carnaval, e vêm contribuindo no combate à criminalidade.

"Se drones estivessem monitorando o trajeto do ônibus em que estava o time do Fortaleza, saberíamos que mais de cem torcedores esperavam os oito batedores da Polícia Militar”, argumentou ele, citando o atentado com bombas promovido por uma organizada do Sport contra o ônibus do time cearense após jogo na Arena de Pernambuco.

O reconhecimento facial foi defendido pelo titular da Promotoria do Torcedor, o promotor José Bispo de Melo, que salientou que esse tipo de identificação já acontece em estádios de Minas Gerais e São Paulo.

“Peço a sensibilidade dos clubes para que façamos aqui em Pernambuco também. Isso facilita o trabalho da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Ministério Público e do Poder Judiciário”, pediu.

Para o presidente da Câmara de Vereadores do Recife, Romerinho Jatobá (PSB), “se os clubes não tiverem condições de arcar com a aquisição dos equipamentos para reconhecimento facial, a Federação (Pernambucana de Futebol) deveria custear”.

Quanto ao trabalho das polícias, ele cobrou uma fiscalização maior das redes sociais de torcedores. “É fácil de identificar isso. Tem um Instagram específico, em que as torcidas organizadas marcam os seus confrontos”, frisou.

Evandro defende segurança em PE

O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, afirmou durante a audiência que Pernambuco é um dos estados mais seguros do Brasil em relação à segurança nos estádios.

“Deixo claro que me refiro aqui à existência de ocorrências ‘dentro’ dos clubes. Agora, no entorno deles, o que nós temos é uma questão estrutural de violência pública”, comentou.

Romerinho Jatobá discordou da posição do dirigente e cobrou das polícias uma fiscalização maior das redes sociais de torcedores.

O gerente-geral do Centro Integrado de Operações de Defesa Social de Pernambuco, coronel Alexandre Tavares, comentou os esforços do poder público para coibir a violência em dias de jogos.

"Montamos um grupo de trabalho específico para essa questão, o GT Futebol, por meio do qual temos avançado na elaboração de estratégias, em diálogo com diversos órgãos”, informou.

Representando a Polícia Civil, o delegado de Repressão à Intolerância Esportiva, Raul Carvalho, salientou algumas ações da sua equipe nos últimos dois anos. De acordo com ele, em 2023, foram registrados dois homicídios — ambos elucidados —, e em 2024, nenhum.

“Além disso, todos os envolvidos no episódio com o veículo do Fortaleza foram presos. Concluímos esse inquérito específico dentro de um prazo de 60 dias", apontou.

O diretor de Planejamento Operacional da PM, coronel João de Barros, também destacou a atuação da corporação, especialmente nos dias das partidas. “A Polícia Militar está sempre presente nos jogos e no combate à violência no âmbito do futebol. Somente esse ano foram conduzidas à delegacia 233 pessoas que cometeram algum tipo de infração”, contabilizou.

Náutico aprova identificação facial

Também presente na reunião, o presidente do Clube Náutico Capibaribe, Bruno Becker, explicou não haver qualquer resistência da entidade ao uso de reconhecimento facial nos estádios.

“Eu acho que é um caminho sem volta. Agora, isso gera um custo. E aí a gente precisa, sobretudo o Náutico, na série C, de uma ajuda financeira”, ponderou.

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