Bactéria encontrada no Rio Sena é mais comum do que se imagina
A contaminação por E. coli no Rio Sena destaca a importância de monitorar a qualidade da água em áreas públicas e a necessidade de saneamento
As Olímpiadas estão dominando os noticiários nas últimas semanas, mas um evento em especial tem chamado a atenção do mundo: atletas que nadaram no Rio Sena, em Paris, foram contaminados pela bactéria Escherichia coli (E. coli).
A presença da bactéria no rio acendeu um alerta para a qualidade da água e os riscos à saúde pública.
A E. coli é um tipo de bactéria que pode ser encontrada em diversos ambientes, proveniente do trato intestinal de humanos e de animais.
“Embora a maioria das cepas de E. coli seja inofensivas, algumas podem causar doenças graves, como diarreia, infecções do trato urinário, doenças respiratórias e outras complicações”, explica Nélida Delamoriae, bióloga e microbiologista, coordenadora do setor de Microbiologia do Hidrolabor.
Segundo a especialista, a bactéria pode estar presente em alimentos contaminados, como carne crua ou malcozida, leite não pasteurizado, vegetais frescos que foram expostos a água contaminada e até mesmo na água que bebemos, quando a qualidade é duvidosa.
Além disso, como está acontecendo em Paris, “é comum encontrá-la em corpos de água poluídos, como rios e lagos, especialmente em áreas urbanas com esgoto não tratado ou tratamento inadequado”, afirma a especialista.
E.coli no Brasil
A contaminação por E. coli no Rio Sena destaca a importância de monitorar a qualidade da água em áreas públicas e a necessidade de infraestrutura adequada de saneamento.
Mas a presença da bactéria e suas consequências para a saúde pública não são exclusivas apenas a quem se atreve a nadar no rio que é marca registrada de Paris.
Segundo dados do Relatório “Surtos de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar Informe – 2024, publicado em março pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente- Ministério da Saúde, em 2023, foram registrados 1.162 surtos de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) no Brasil.
Medidas práticas para evitar a contaminação
Para Nélida Delamoriae, algumas medidas simples podem ajudar a evitar a contaminação por E.coli.
“É essencial manter as mãos limpas, higienizar verduras, frutas e legumes antes do preparo, tomar cuidado com a procedências das carnes, além de consumir somente água potável, filtrada ou fervida.
Também é importante ter cuidados com o contato com as águas de enchentes, algo, infelizmente, muito comum hoje em dia”, explica.
A especialista também chama a atenção para 5 fatores de riscos
Essa bactéria pode afetar qualquer pessoa que esteja exposta a ela, mas algumas pessoas têm maior probabilidade de desenvolver problemas do que outras. Por isso, a especialista também chama a atenção para alguns fatores de riscos:
- Idade: bebês, crianças pequenas e idosos correm maior risco de contrair doenças causadas por E. coli e complicações mais graves decorrentes da infecção.
- Pessoas com sistema imunológico enfraquecido: as pessoas que têm o sistema imunológico mais enfraquecido – em razão de doenças, como o HIV, ou ao uso de medicamentos imunossupressores para tratar cânceres ou prevenir a rejeição de transplantes de órgãos – têm maior probabilidade de adoecer devido à ingestão de E. coli.
- Comer certos tipos de alimentos: os alimentos com maior chance de risco de contaminação são aqueles preparados com carnes mal cozidas; leite não pasteurizado, queijos de pasta mole feitos com leite cru, frutas e vegetais crus ou frescos e não higienizados.
- Diminuição dos níveis de ácido estomacal: alguns estudos indicam que o ácido estomacal oferece alguma proteção contra E. coli.
Por isso, pacientes que fazem uso de medicações para reduzir a acidez estomacal, como esomeprazol, pantoprazol, lansoprazol e omeprazol (Prilosec) podem ter os riscos aumentados para infecção por E. coli.
Além dos fatores de risco, a especialista faz um alerta: “É importante sempre procurar o serviço médico em caso de diarreia persistente ou se a diarreia for acompanhada de febre alta, sangue nas fezes, redução da produção de urina ou vômitos excessivos”, destaca Nélida.