Brasil substitui vacina oral por injetável para erradicar poliomielite

A vacina oral, conhecida como "gotinha" será substituída pela vacina inativada poliomielite injetável. A transição deve ocorrer até 4 de novembro

Publicado em 19/09/2024 às 11:13

A vacina oral contra poliomielite (VOP) será oficialmente aposentada no Brasil em menos de dois meses.

Conhecida como "gotinha", ela será substituída pela vacina inativada poliomielite (VIP), que é administrada por injeção.

Segundo Ana Frota, representante do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de Infectologia, a transição deve ocorrer até 4 de novembro.

Durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, realizada no Recife, Ana destacou que a VOP contém o vírus enfraquecido, que, em condições sanitárias precárias, pode causar casos de pólio derivados da vacina.

Embora menos comuns que as infecções por poliovírus selvagem, esses casos podem aumentar quando a vacina é amplamente utilizada.

“Quando esses casos se tornam mais frequentes que a doença em si, as autoridades precisam agir”, enfatizou.

A substituição da VOP pela VIP tem o apoio da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ana considerou lógica essa troca, ressaltando que a VOP deverá ser reservada para controle de surtos, como o que ocorreu na Faixa de Gaza, onde foram notificados quatro casos de paralisia flácida.

Ana também lembrou que, entre 2019 e 2021, cerca de 67 milhões de crianças perderam doses da vacinação de rotina, e que a pandemia interrompeu a vacinação global contra a pólio por quatro meses.

Outras emergências, como conflitos e falta de acesso, também têm impactado a imunização.

Em 2023, o Ministério da Saúde anunciou que adotaria exclusivamente a VIP como reforço aos 15 meses de idade, substituindo a dose oral. A VIP já era aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação.

A dose de reforço contra a pólio, anteriormente administrada aos 4 anos, não será mais necessária, pois o esquema vacinal de quatro doses garantirá proteção.

Essa atualização levou em consideração critérios epidemiológicos, evidências científicas e recomendações internacionais.

Desde 1989, o Brasil não registra casos de pólio, mas a cobertura vacinal tem apresentado quedas nos últimos anos.

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