Eleições Americanas: entenda o processo eleitoral dos EUA

Diferentemente do Brasil, o sistema eleitoral dos EUA é indireto, o que significa que os cidadãos não votam diretamente no candidato à presidência

Publicado em 04/11/2024 às 9:09

O sistema eleitoral dos Estados Unidos pode ser confuso para os brasileiros. Embora sejam frequentemente considerados "a maior democracia do mundo", a eleição presidencial não ocorre por meio de voto direto. Em algumas situações, o candidato que assume o cargo não é aquele que obteve a maioria dos votos populares.

O pesquisador Roberto Goulart Menezes, do Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA, explicou à Agência Brasil que a democracia vai além das eleições diretas; envolve também instituições como o Judiciário e direitos do cidadão, como a liberdade de expressão e o direito ao voto, mesmo que de forma indireta.

Ele aponta que o sistema eleitoral dos EUA é problemático, com diversas falhas, principalmente por não ter um órgão central que coordene o processo, como o TSE no Brasil.

O professor Virgílio Caixeta Arraes, da Universidade de Brasília, destaca que a escolha indireta de presidentes nos EUA foi criada para evitar candidatos populistas com propostas inviáveis, pois se acreditava que os delegados teriam mais maturidade política do que o eleitorado em geral.

Diferença do sistema eleitoral do Brasil e dos EUA

As diferenças entre os sistemas eleitorais dos dois países têm suas raízes nas constituições. Enquanto a Constituição dos EUA é mais simples e delega muitas leis às normas locais, a brasileira é mais detalhada e centraliza o processo eleitoral.

Nos EUA, as eleições presidenciais são organizadas pelos estados, o que gera desafios que não existem no Brasil. Por exemplo, em alguns estados, como a Geórgia, leis locais podem restringir o direito ao voto de pessoas com condenações, afetando desproporcionalmente a população negra e latina.

Como funciona?

Como a votação é indireta, nenhum dos eleitores votará, nesta terça-feira (5), diretamente nos candidatos Kamala Harris, do Partido Democrata, ou em Donald Trump, do Partido Republicano.

No sistema eleitoral dos EUA, os eleitores não votam diretamente nos candidatos, mas em delegados que, por sua vez, votarão no presidente.

O Colégio Eleitoral é composto por 538 delegados, cuja distribuição é proporcional à população de cada estado. O sistema "the winner takes all", usado na maioria dos estados, significa que o candidato que ganha a maioria dos votos em um estado leva todos os delegados desse estado.

Isso pode resultar na eleição de um candidato que não recebeu a maioria dos votos populares, como aconteceu nas eleições de 2016, quando o republicano Trump foi eleito tendo quase 3 milhões de votos a menos que a democrata Hillary Clinton.

Existem também os "swing states", em tradução livre, “estados pendulares”, onde não há uma maioria clara para um dos partidos, tornando esses estados cruciais nas campanhas eleitorais. Além disso, alguns estados permitem o voto antecipado, o que tem gerado desinformação, especialmente em relação ao voto pelo correio.

As prévias eleitorais, que definem os candidatos dos partidos, são complexas e variam de estado para estado, exigindo que os partidos tenham uma estrutura operacional em todo o país. Por fim, a autonomia dos estados para definir suas leis eleitorais pode levar a uma espera imprevisível pelos resultados das eleições, como ocorreu nas disputas de 2000 e 2008.

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