Páscoa 2025 tem queda nos preços, mas cesta ainda pesa no bolso, revela FGV Ibre

Depois de dois anos de altas, itens como batata e cebola ficaram mais baratos, mas produtos como azeite e chocolate seguem puxando os gastos para cima

Publicado em 08/04/2025 às 11:08
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Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) revelou que os preços dos itens típicos da Páscoa caíram em 2025, mas o alívio ainda é pequeno para quem vai às compras.

Depois de dois anos seguidos de altas fortes — 11,68% em 2023 e 16,14% em 2024 — a cesta de Páscoa ficou, em média, 6,07% mais barata neste ano. No entanto, quando se olha o acumulado dos últimos três anos, o aumento ainda pesa: a alta é de 21,68%, bem acima da inflação geral no mesmo período, que foi de 12,47%.

A cesta inclui alimentos tradicionais do feriado, como chocolates, azeite, bacalhau, batata, arroz e ovos. Entre eles, o chocolate segue como um dos vilões do orçamento. Mesmo com algumas variações, o preço subiu bastante: 10,02% em 2023, 2,44% em 2024 e mais 12,88% agora em 2025. No total, o aumento é de 27,22% nos últimos três anos.

Outros produtos tiveram comportamento diferente. A batata, por exemplo, que subiu muito em 2024 (43,68%), ficou bem mais barata este ano, com uma queda de 45,05%. A cebola seguiu o mesmo caminho, indo de uma alta de 33,37% para uma queda de 43,12%. Já o arroz, mesmo com uma pequena queda agora, ainda acumulou uma inflação de quase 34% desde 2023.

O campeão das altas foi o azeite: ficou 74,54% mais caro no período. Os ovos de galinha também subiram bastante: 51,02% nos últimos três anos.

Já os peixes mais consumidos na Semana Santa, como bacalhau, atum e sardinha, tiveram altas menos previsíveis. O bacalhau, por exemplo, teve aumento em 2023, caiu em 2024 e voltou a subir em 2025, acumulando 18,79%. O atum se destacou com alta de mais de 30% no período.

Itens mais caros pesam mais no orçamento

Segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE que coordenou o estudo, mesmo com a queda dos preços em 2025, ainda há uma pressão no bolso do consumidor por causa dos aumentos anteriores.

“O fato da cesta de Páscoa ter registrado queda intensa entre 2024 e 2025, influenciada por hortaliças e legumes, conta apenas metade da história. Quando analisamos mais de perto, por um período mais longo, vemos que itens cujos preços médios são mais elevados, como é o caso do azeite, bacalhau e chocolates, tiveram altas expressivas não somente em relação ao ano passado, mas sucessivamente ao longo do tempo, fazendo com que o preço pago pelo consumidor esteja sempre crescendo", afirma.

O especialista também explica que os preços dos chocolates ao consumidor final subiram menos do que o esperado porque muitas marcas recorreram à chamada reduflação — quando o produto fica menor, mas o preço continua parecido.

“Um indicativo disso é a variação percentual acumulada das matérias primas do chocolate no Índice de Preços ao Produtor (IPA) desde abril de 2022. Observamos que ingredientes importantes tiveram aumentos muito acima dos preços do chocolate ao consumidor. No período total analisado, a manteiga de cacau registrou 125% de alta, leite em pó subiu 29%, açúcar aumentou 16%, em média, mas bem acima dos preços observados ao consumidor,” diz.

Matheus ainda lembra que os dados analisam os preços até março e não consideram os aumentos que podem ocorrer na semana da Páscoa, quando a procura pelos produtos costuma subir.

“Tradicionalmente, ocorre intensificação da demanda sobre itens típicos da data, podendo gerar pressões adicionais de curto prazo nos preços encontrados pelo consumidor no momento da compra para as celebrações”, conclui.

Ou seja, mesmo com a leve trégua nos preços em 2025, o consumidor continua sentindo os efeitos de uma Páscoa cada vez mais cara.

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