Vitória de Santo Antão celebra 70 anos das Ligas Camponesas com evento no Engenho Galileia

Feira agrícola, apresentações culturais, serviços sociais e debate sobre o futuro do campo, o evento "Viva Galileia" valoriza as Ligas Camponesas

Publicado em 23/04/2025 às 14:22
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Neste domingo (27), o município de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, será palco da celebração dos 70 anos das Ligas Camponesas, movimento que marcou o início da luta organizada pela reforma agrária no Brasil.

O evento acontece no Engenho Galileia, das 8h às 12h, local onde nasceu a iniciativa que mudou o rumo dos trabalhadores rurais. 

Organizada pela Secretaria de Cultura, Turismo e Economia Criativa (Seculte), a programação ressalta a busca de dignidade para os trabalhadores do campo, sobretudo por assistência médica, jurídica e de defesa.

O “Viva Galileia”, como é intitulado, tem como público-alvo, discentes, moradores de comunidades rurais, agricultores, artistas, representantes de instituições governamentais e não governamentais, objetivando discutir as potencialidades da comunidade na educação, na agricultura familiar e no turismo comunitário, além de atrair investimentos de infraestrutura e gerar renda para os moradores locais.

“A nossa ideia é promover um evento que exalte a história do berço da Reforma Agrária no Brasil e valorize o Engenho Galileia como patrimônio cultural.

Isso é de fundamental importância para o fortalecimento da história vitoriense e para dar visibilidade à comunidade, podendo impactar os moradores nas áreas da saúde, educação, habitação e geração de renda”, destacou Lázaro Santos, diretor da Seculte.

Engenho Galileia: reforma agrária no Brasil

Em 2025, comemora-se os 70 anos de fundação da Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), criada em 1954 e legalmente constituída em 1955, pelos moradores locatários da localidade de Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão, a 50 quilômetros de Recife, onde viviam e trabalhavam cerca de 140 famílias.

Foi um movimento social organizado pelos trabalhadores do campo como forma de mobilização para garantir terra e trabalho.

Apesar de concordar inicialmente com a criação do movimento, o proprietário da terra voltou no seu apoio, alegando que “aquilo era comunismo”.

As famílias foram despejadas, mas os camponeses resistiram e buscaram apoio na justiça, através do advogado e deputado pelo Partido Socialista, Francisco Julião Arruda de Paula e, em janeiro de 1955, a SAPPP foi legalizada.

Eles obtiveram vitória na Justiça em 1958, naquela que seria apontada por alguns como a primeira desapropriação legal para fins de reforma agrária no Brasil. As 140 famílias ganharam, através da SAPPP, a propriedade daquelas terras. A vitória reverberou entre camponeses de Pernambuco e em estados vizinhos.

A partir de então, o movimento das Ligas Camponesas se espalhou pelo nordeste, especialmente depois da seca de 1958, quando milhares de trabalhadores rurais uniram-se, na cidade de Recife, para o “Primeiro Congresso de Foreiros e Proprietários”.

A seguir, o movimento estendeu-se a Minas Gerais e interior do Rio de Janeiro e, com o apoio da ala progressista da Igreja, as Ligas Camponesas ganharam força e dinamismo.

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