Projeto de Indicação Geográfica da Adepe e do Sebrae pode contemplar Renda Renascença de Poção
Iniciativa busca fortalecer 13 produtos tradicionais em todo Estado. Em Poção, no Agreste do estado, foco é a tradicional renda renascença

A cidade de Poção, que fica no Agreste pernambucano, pode ser contemplada com o reconhecimento da Renda Renascença como um importante saber tradicional, garantindo a originalidade e fortalecendo a economia.
A Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae/PE), buscará trazer ainda mais notoriedade para esses e outros ícones da cultura pernambucana.
Juntas, as instituições irão desenvolver um projeto para propor o reconhecimento de 13 Indicações Geográficas (IGs) para o estado com aporte de R$ 2,9 milhões que será rateado pelas duas instituições.
Renda Renascença
A Renda Renascença de Poção, introduzida na década de 1930 por Maria Pastora e difundida por Elza Medeiros, tornou-se símbolo da cultura local e fonte de renda essencial para as mulheres da região.
Com técnicas minuciosas e desenhos elaborados, a renda conquistou espaço em coleções de moda nacionais e internacionais, projetando Poção como a “Capital da Renascença”.
A busca pela Indicação Geográfica (IG) visa proteger esse saber tradicional, garantir a autenticidade das peças e fortalecer tanto a economia local quanto o turismo cultural, valorizando o trabalho das rendeiras e sua contribuição para a preservação do patrimônio imaterial.
O que são Indicações Geográficas
As Indicações Geográficas são certificações concedidas a regiões que se tornaram conhecidas ou apresentam características distintivas ligadas a um produto ou serviço.
Elas podem ser classificadas como Indicação de Procedência (IP), quando a região já é reconhecida pela produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço, ou Denominação de Origem (DO), quando há uma ligação entre as características do produto e seu meio geográfico e dos fatores naturais e humanos ali presentes.
O projeto Adepe/Sebrae tem o objetivo de identificar, estruturar e solicitar o registro das novas IGs junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Atualmente, Pernambuco conta com três IGs registradas: Vinhos do Vale do São Francisco, Uvas e Mangas de Petrolina e o Porto Digital no Recife.
Em todo o país, são 130 Indicações Geográficas, a maior parte delas presentes em estados com fortes tradições agrícolas e artesanais, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Além da renda renascença de Poção, também foram selecionados os seguintes produtos para estudo:
- Mel e queijo coalho do Araripe
- Barro de Caruaru
- Abacaxi de Pombos
- Café de Triunfo
- Manta caprina e ovina do Sertão do São Francisco
- Artesanato de Tracunhaém
- Artesanato de madeira de Sertânia
Além desses produtos, também foram selecionadas receitas tradicionais como bolos de noiva, de rolo e Souza Leão.
O projeto de ampliação das IGs será desenvolvido em quatro etapas: diagnóstico, estruturação, submissão dos pedidos e acompanhamento dos processos. A expectativa é de que o projeto esteja finalizado até 2026.
"É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento dos arranjos produtivos de todo o Estado, em seus 184 municípios. O Projeto de Identificação Geográfica vem para dar destaque àqueles mais relevantes e torná-los exemplo da valorização do que é produzido em Pernambuco", afirmou André Teixeira Filho, presidente da Adepe.
"O crescimento do nosso PIB dá sinais claros da importância da nossa agricultura e dos nossos arranjos produtivos e estamos muito felizes em sairmos na frente com este projeto ao lado de um parceiro tão importante como é o Sebrae Pernambuco", concluiu.
Murilo Guerra, Superintendente do Sebrae/PE, destaca que a iniciativa auxilia na valorização da riqueza dos territórios pernambucanos, além de promover o desenvolvimento dos pequenos negócios.
“A valorização do regionalismo tem se consolidado como uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento econômico e social e ampliar a competitividade nos mercados nacional e internacional. O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos e serviços locais”, enfatiza.