AVIÃO DA VARIG SEQUESTRADO: conheça o misterioso caso do avião apelidado de "expresso cubano" sequestrado por três vezes
Apelidado de "expresso cubano" por ter sido sequestrado três vezes em direção ao país caribenho, o Boeing 707 "PP-VJX" da Varig entrou para história da aviação mundial.
Antes de mais nada, é preciso entender o contexto da época que se deu esses sequestros do voo da Varig. Na década de 60, durante a ditadura militar no Brasil, cerca de 15 aviões chegaram a ser sequestrados.
O motivo era referente a uma série de grupos contrários ao governo, muitos deles armados. A maioria eram militantes e fugitivos políticos que tentavam sair do país a todo momento.
O destino mais buscado, então, era Cuba, que fornecia ajuda e treinamento a praticamente qualquer movimento disposto a lutar contra regimes aliados dos Estados Unidos.
De todos esses sequestros que aconteceram com certa frequência no Brasil, três foram no mínimo misteriosos, por se tratarem do mesmo avião.
Que acabou ganhando o apelido de "expresso cubano", devido seu destino quase sempre ser Havana, a capital cubana.
O PRIMEIRO SEQUESTRO DA VARIG:
O voo RG863, foi o primeiro sequestro, ocorrido no dia 4 de novembro de 1969, quando a aeronave realizava o trecho Buenos Aires – Santiago do Chile, partindo do Galeão, no Rio de Janeiro.
O Boeing 707 voava com 89 passageiros e 12 tripulantes, quando os sequestradores, sendo nove homens e uma mulher armados com pistolas, pediram que o avião fosse desviado para Cuba.
O 707 não tinha combustível suficiente para seguir, e com isso, foram obrigados a ir direto para Santiago do Chile, onde deveria ser reabastecido e logo após voar para Havana.
Na parada rápida realizada no Chile, os captores deixaram que uma mulher grávida e seu marido desembarcassem da aeronave.
Com os tanques reabastecidos, o VJX partiu às 17h33 do Chile e seguiu para Havana, em uma viagem que durou cerca de 10 horas.
Na capital cubana, os passageiros e tripulantes foram desembarcados e submetidos a interrogatórios. O voo da Varig ficou 15 horas retido em Cuba e pode decolar somente à tarde.
O voo RG863 terminou sua saga somente no dia 6, às 18h26, quando a aeronave pousou no Galeão, onde foi cercada pela polícia. E todos foram novamente submetidos à interrogatórios, dessa vez, pelas autoridades brasileiras.
O SEGUNDO SEQUESTRO DO VOO DA VARIG:
Mas o infortúnio não parou por aí, com apenas 22 dias, o mesmo 707 voltara a ser sequestrado. No dia 28 de novembro de 1969, quando fazia o percurso Paris >>Londres >>> Rio de Janeiro.
Quando passava por Portugal, um homem de nacionalidade argelina, armado com pistola e faca, invadiu a cabine de comando e anunciou o sequestro da aeronave. A exigência? Desviar o avião para Cuba.
O boeing com 81 passageiros e 15 tripulantes teve que seguir para Havana. E mais uma vez, ao pousar no Caribe, todos passaram por interrogatórios.
À noite, o VJX foi liberado e pôde finalmente voltar ao Brasil. O 707 pousou no Rio às 13h52 do dia 30, depois de mais uma longa jornada forçada.
O TERCEIRO SEQUESTRO DO VOO DA VARIG:
Em 12 de março de 1970, o infâme 707 voltara a ser alvo de um sequestro. O avião fazia o voo RG862, Santiago do Chile >>> Nova Iorque, com escalas em Buenos Aires e Rio de Janeiro.
Logo depois de decolar no Chile, em direção a Argentina, o comandante foi avisado pelos comissários de que um homem armado havia feito uma aeromoça refém, ordenando, mais uma vez, o desvio imediato do avião para Havana.
A bordo da aeronave estavam 28 passageiros e 13 tripulantes, que não tinha combustível suficiente para ir à Cuba. Com isso, o Boeing precisou retornar a Santiago para abastecer.
O VJX pousou na capital cubana às 4h30 do dia 13, com mais interrogatórios de praxe. Dessa vez, porém, o Boeing da Varig foi liberado somente dois dias depois de pousar da ilha.
O 707 partiu para o Galeão, onde aterrissou às 5h55 da manhã do dia 16 de março. No mesmo dia, ele foi escalado para outro voo, mas sem surpresas pelo caminho.
O avião mais sequestrado da história voou com a Varig até 1986, ano em que foi vendido para a Força Aérea Brasileira (FAB) e transformado na versão KC-137.
Fonte: jornalempresasenegocios.com.br
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