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Campeã paralímpica de bocha, Evani Calado, de Garanhuns, se prepara para os Jogos Paralímpicos de Tóquio

A pernambucana destaca a importância da representatividade da mulher no esporte paralímpico

Eduarda Cabral
Eduarda Cabral
Publicado em 13/07/2021 às 16:00
Reprodução/Arquivo pessoal
FOTO: Reprodução/Arquivo pessoal

A pernambucana Evani Calado está na lista dos 253 atletas convocados para as Jogos Paralímpicos de Tóquio, que serão realizados de 24 de agosto e 5 de setembro de 2021. A paratleta da modalidade de bocha já é conhecida mundialmente porque conquistou a medalha de ouro na categoria em 2016, nas Paralimpíadas do Rio. Atualmente Evani mora em São Paulo, mas sua história começa na cidade de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. 

Evani nasceu na cidade conhecida como Suíça Pernambucana, em 1989. Por um erro médico na hora do parto ela teve paralisia cerebral, mas isso nunca foi um agente limitador diante da sua determinação. Foi aos nove anos de idade que ela conseguiu ingressar na primeira escola em São Paulo. Dois anos depois ela retornou para Garanhuns e após três anos voltou para São Paulo.

Atualmente, sua relação com o esporte é inspiração para atletas e paratletas de todo o mundo, tendo em vista que Evani já conquistou diversas medalhas por seu desempenho e profissionalismo. Além de sua representatividade no esporte, a atleta levanta a bandeira da luta pela igualdade entre os gêneros no esporte paralímpico e usa suas redes sociais para falar sobre inclusão e empoderamento. 

Trajetória

Foi em 2010 que a atleta começou a praticar a modalidade bocha de forma profissional. Ela teve o primeiro contato com o esporte ainda no colégio e depois, quando estava na faculdade, cursando Publicidade e Propaganda. "Eu não tinha interesse no esporte, eu só queria me formar. Hoje sou uma publicitária e antes eu tinha o sonho de trabalhar em uma agência", disse.

Evani contou que quando era mais nova não sabia que existia uma modalidade que ela poderia praticar, porque sua deficiência é considerada severa, mas descobriu sua vocação e acabou se interessando pela bocha. "Foi o esporte que me escolheu", afirmou. A primeira convocação para um mundial foi conquistada em 2016, para uma competição na China. "Na China eu tive um bom desempenho e foi quando abri as portas para minha primeira paralimpíada, que foi no Rio, em 2016", contou Evani.

Nas paralimpíadas do Rio, a atleta conquistou ouro na categoria dupla mista. Além da vitória no mundial, em 2017 Evani também conquistou ouro e prata na Copa América e ficou em 3º lugar no campeonato Regional e 3º lugar no campeonato Brasileiro de bocha. Em 2019, ganhou bronze em dupla no Open Mundial Canadá, ouro em dupla na Copa América e prata no individual, prata no campeonato Regional, ouro no campeonato Brasileiro individual e prata em dupla, Ouro no campeonato Paulista individual.

Representatividade 

Nas redes sociais, Evani compartilha seus desafios e sua preparação para o campeonato que começa em agosto. Além dos treinos e dedicação pessoal, a atleta compartilha também parte da sua luta, enquanto mulher, pela inclusão de outras mulheres na modalidade e na prática de esportes paralímpicos de forma geral.

"No momento, são poquíssimas mulheres que têm vaga na seleção para competir na modalidade de bocha", disse a atleta. "A inclusão da mulher no esporte paralímpico é muito importante para que a gente tenha igualdade de conquistas", afirmou.

Evani contou ainda que, após os Jogos Paralímpicos de Tóquio, será realizada uma divisão de gêneros dentro da modalidade. Sendo assim, as equipes serão divididas entre feminino e masculino, que não vão mais disputar entre si. "Isso é um ganho muito grande para a modalidade, porque além de dar oportunidade para as mulheres, isso vai dar oportunidade para que a gente consiga mais medalhas para o nosso país também", disse.

Na contagem regressiva para o embarque em agosto, Evani leva consigo o desejo de voltar para casa com o tão sonhado ouro e a vontade de poder inspirar cada vez mais outras pessoas. A atleta vive um sonho e compartilha cada conquista na certeza de que as pessoas que admiram sua trajetória também estão na torcida. 

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