Padre Cícero

Saiba as curiosidades do Museu Vivo e da Colina do Horto, no Juazeiro

Locais são visitados por milhares de fiéis durante todo o ano

Jailma Barbosa
Jailma Barbosa
Publicado em 08/04/2020 às 17:00
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

Em uma visita a Juazeiro do Norte (CE), os pagadores de promessas testemunham as graças alcançadas que atribuem à ação de padre Cícero. Nas velas que queimam, nos fogos estourados em gratidão. Cada gesto revela uma fé inabalável de que aquele acontecimento só foi possível pela permissão do venerado padre.

Um lugar que prova a fé dos visitantes é o Museu Vivo. A sala mais visitada é a do Coração de Jesus. Os fiéis depositam aos pés de um quadro de mais de 120 anos os objetos que representam as promessas cumpridas. Em dias de romaria são entregues, por dia, 2.500 objetos simbolizando os pedidos atendidos. Milhares de fotos cobrem as paredes do museu e as peças de madeira representam curas. Há graças alcançadas pela conclusão de um curso universitário e até pelo casamento.

Por entre os cantinhos do museu, as imagens de cera em tamanho real retratam cenas do cotidiano do padre Cícero: em oração, enquanto era prefeito, num descanso na rede ou tomando café em casa com os amigos mais próximos: dr. Floro Bartolomeu, Romeiro Aureliano Pereira (que teve 36 filhos, após pedir a bênção da fertilidade ao padre). Tem também a beata Mocinha que foi morar no Juazeiro ainda criança com o padre Cícero e a beata Terezinha do Padre, considerada irmã adotiva.

O casarão era um lugar que o padre usava para retiro espiritual. Os cômodos do espaço revelam curiosidades da história. O Museu Vivo fica a três quilômetros da cidade, na Colina do Horto, que compreende a igreja do Senhor Bom Jesus do Horto (ainda em construção); a trilha do Santo Sepulcro e a exuberante estátua do Padre Cícero. Feita de concreto, a escultura mede 27 metros de altura da base até a cabeça. Foi esculpida por Armando Lacerda, em 1969 e está de frente para a cidade e para a Chapada do Araripe.

Veja no terceiro episódio da série "Roteiro da Paixão: histórias de fé em Juazeiro do Norte - CE":

O Horto chega a receber 2 milhões e meio de pessoas por ano. Dezenas de ônibus das caravanas se revezam no estacionamento para dar suporte aos romeiros, muitas vezes apenas no caminho de volta, já que a maioria prefere subir a pé.

E é na casa onde padre Cícero morou nos últimos três anos de vida que tudo se torna ainda mais encantador. Na rua São José, o Casarão se destaca, suntuoso e marcante.

Os janelões foram usados pelo próprio padre Cícero para pregações na época, após perder as funções de padre. De dentro da casa, olhando para o povo, ele não se intimidava e traçava o próprio destino. Ali também foi onde o corpo dele foi exposto após a morte. A cama onde deu o último suspiro é preservada para contemplação dos milhares de fiéis que depositam objetos e a veneram incessantemente.

Os armários, utensílios pessoais de cozinha, o chapéu, a bengala, as batinas... dá para ter acesso à intimidade de um homem que era cuidadoso e vaidoso, mas também muito acolhedor. Uma mesa grande mexeu com o imaginário popular por dezenas de anos: dizia-se que quem não conseguia levantá-la era cheio de pecados. Logo, todos tentavam provar que estavam sem pecado, até que a direção do museu decidiu parafusar os pés da mesa no chão, evitando a destruição do móvel.

Objetos, piso, teto, portas... Todos permanecem o mais próximo possível do que ele deixou. Mas um cômodo ganhou atenção especial: foi criada uma sala que abriga uma imagem de cada versão de senhora existente na terra.

O dono da casa, devoto do Sagrado Coração de Jesus, de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora das Candeiras não pode ver esse presente dos que hoje zelam do espaço, mas com certeza teria agradecido a gentileza e provavelmente faria do lugar o cantinho de oração pessoal e refúgio.