Com a pandemia do novo coronavírus, muita gente ficou com medo de sair de casa para não contrair a doença. Porém, com a retomada das atividades econômicas em boa parte dos estados brasileiros, as pessoas precisam deixar suas casas para trabalhar ou desempenhar outras tarefas. Alguns, porém, seguem preocupados em ter que sair da residência, e apresentam sintomas da síndrome da cabana.
É o caso da dona de casa Luciene Fernandes, que só está saindo para comprar comida. Como a mãe e o marido fazem parte do grupo de risco, ela teme ser infectada e contaminá-los. "A realidade é que a gente vive hoje com medo das pessoas, as pessoas têm medo da gente, a gente tem medo de ir à casa de familiares, que os familiares venham à nossa casa. É uma situação muito delicada, bate uma angústia muito grande", lamenta.
O psicólogo Milton José explica que a síndrome da cabana não é diagnosticada como uma doença, mas é um conjunto de sintomas que fazem com que a pessoa se bloqueie para a vida social. Os quatro meses de pandemia agravaram esse sentimento na população.
"Boa parte das doenças, que chamamos psicossomáticas, elas acabam nos impedindo, criando um bloqueio da gente fazer alguma coisa. A síndrome da cabana é um bloqueio de sair de casa, mas tem os diversos outros bloqueios na vida", explicou.
De acordo com o psicólogo, os bloqueios costumam vir de experiências anteriores. "O que fazer para desbloquear isso? Mudar nossa rotina, mudar nossa condição mental. Ter um plano efetivo diário do que fazer para tentar mudar nossa linha de pensamento. Um exercício, aprender algo novo é interessante, uma caminhada. Se não puder fazer uma caminhada nesse momento, um exercício dentro de casa", orientou.