Pobreza extrema

Brasil começa 2021 com mais miseráveis que há uma década

Segundo a FGV Social, índice é resultado do fim do auxílio emergencial e das consequências da pandemia

Laís Milena
Laís Milena
Publicado em 31/01/2021 às 11:23
Arquivo/Agência Brasil
FOTO: Arquivo/Agência Brasil

O Brasil iniciou o ano de 2021 com um aumento na taxa de pobreza extrema. Isto significa que o país tem atualmente mais pessoas na miséria do que antes da pandemia e em relação ao começo da década passada, em 2011. De acordo com os cálculos do Centro de Pesquisa Social da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), quase 27 milhões de pessoas estão nessa condição neste começo de ano, mais que a população da Austrália.

"Brasil precisa de uma extensão desse auxílio emergencial", diz deputado federal Raul Henry
Projeto de Lei 'Auxílio Emergencial Consecutivo': o que é e quem poderá receber?

Em 2019, 11% da população estava na linha da pobreza. No início da década anterior, em 2011, eram 12,4%. No mês de janeiro de 2021, 12,8% dos brasileiros passaram a viver com menos de R$ 246 ao mês (R$ 8,20 ao dia), considerado linha de pobreza extrema calculada pela FGV Social a partir de dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) Contínua e Covid-19.

Além do aumento da pobreza, a pandemia terá consequências negativas para a renda dos mais jovens, sobretudo os que perderam parte do ano escolar de 2020. Em média, cada ano de ensino a mais chega a representar ganho de 15% no salário futuro; e 8% mais chance de conseguir um emprego. 

No geral, os jovens, os sem escolaridade, os nordestinos e os negros foram os que mais perderam renda do trabalho na pandemia. Hoje, cerca de 35% dos jovens brasileiros nem trabalham nem estudam. Essa disparidade cria correntes contrárias da necessidade de manter o isolamento e a sobrevivência de buscar a renda.

Fim do auxílio

O aumento é significativo quando comparado a 2020, quando o pagamento do auxílio emergencial a cerca de 55 milhões de brasileiros chegou a derrubar a pobreza extrema. Em agosto a taxa atingiu 4,5% (9,4 milhões de pessoas), o menor nível da série histórica.

Com o fim do pagamento do auxílio, os efeitos da pandemia sobre a renda dos mais pobres e o lento processo de recuperação do Brasil, fizeram a linha da pobreza disparar neste começo de ano.

* Com informações da Folha de S.Paulo