superação

Ex-atleta usa cadeira de rodas para fazer entregas por aplicativo e sobreviver

'Muitos obstáculos, mas também muita garra', diz Caíque Palma de Souza, de 23 anos.

NE10 Interior
NE10 Interior
Publicado em 08/03/2021 às 11:24
Reprodução
FOTO: Reprodução

O ex-atleta paralímpico, Caíque Palma de Souza, de 23 anos, já conquistou muita coisa sob a cadeira de rodas. Um dos obstáculos que é vencido dia a dia por ele é a luta pelo sustento e o que antes lhe dava alegrias e vitórias no atletismo agora é sua principal ferramenta de trabalho. 

Caíque faz entregas para aplicativos de delivery, subindo e descendo ruas de Paulínia, São Paulo. "Muitos obstáculos, mas também muita garra, muita força de vontade e foco", contou o jovem em entrevista ao G1. O ex-atleta destacou que, há um mês trabalhando desta forma, mesmo com o condicionamento físico adquirido em dez anos de carreira, fazer entregas de cadeiras de rodas não é nada fácil.

"Em uma entrega para um condomínio, eu percorri 4,5 quilômetros. Mesmo sendo ex-atleta, tem um certo cansaço", disse.

Faltam oportunidades

Caíque disse que há aproximadamente um mês começou a trabalhar porque a mãe, de 57 anos, perdeu o emprego como empregada doméstica. "Ela trabalhava como diarista nas repúblicas da Unicamp. Infelizmente a faculdade parou com a pandemia e os estudantes voltaram para suas casas, e minha mãe ficou sem emprego”, explica.

O jovem, que estuda educação física, relatou que tentou encontrar emprego em diversos lugares, mas não teve sucesso. Junto com um grupo de amigos ele decidiu trabalhar como entregador. “O aplicativo não entende que eu sou cadeirante, eu estou no cadastro de bicicleta [...] Eu estava fazendo as entregas no sol, e ele [aplicativo] manda a rota para todos os lugares”, relata ao detalhar as dificuldades.

Ao falar sobre sua carreira, Caíque relatou que precisou decidir entre o atletismo e ensinar educação física por questões financeiras. “Meu sonho é dar para algum atleta meu a valorização que eu não tive e buscar patrocínios que eu não tive”, diz.