agreste

"Fechamento das atividades empresariais não é a melhor solução", diz o Sindloja em carta aberta ao governador

No documento, o sindicato sugere medidas para a reabertura do comércio e alega que a quarentena pode provocar demissões em massa.

NE10 Interior
NE10 Interior
Publicado em 18/03/2021 às 10:45
Renata Araujo/TV Jornal Interior
FOTO: Renata Araujo/TV Jornal Interior

Com a determinação do Governo de Pernambuco de suspender atividades não essenciais de 18 a 28 de março em todo o Estado, empresários de diversos setores da economia têm se preocupado com a manutenção de seus negócios e do quadro de colaboradores. Em Caruaru, no Agreste, o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru (Sindloja) publicou uma carta aberta ao governador Paulo Câmara nesta quinta-feira (18) ressaltando o receio dos comerciantes da Capital do Agreste e destacando que o setor produtivo foi o mais prejudicado com a decisão do governo.

Saiba o que pode e o que não pode funcionar durante quarentena mais rígida em Pernambuco

No documento, a entidade sindical destaca que "os empresários se sentem jogados à própria sorte" por precisarem suspender suas atividades e não receberem nenhum incentivo fiscal por parte do Governo do Estado. O Sindloja alega ainda que diversos empresários estão à beira de um colapso financeiro e a situação pode acarretar, inclusive, um processo de demissão em massa no município.

"A entidade sindical reitera a importância de preservar empregos, empresas e renda da região, pelo que entende que o fechamento das atividades empresariais não é a melhor solução para enfrentamento da disseminação do coronavírus", diz o texto. O Sindloja cita ainda uma série de medidas a serem adotadas pelo comércio da cidade para a retomada das atividades econômicas.

Confira a carta do Sindloja na íntegra:

Ao Sr. governador Paulo Câmara,

O Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru (Sindloja), que representa as empresas do comércio varejista de bens, serviços, turismo e gêneros alimentícios, torna pública a sua discordância com o novo decreto do governo estadual, sob nº 50.433, de 15/03/2021, que estabelece novas medidas restritivas e fechamento das atividades sociais e econômicas, no período de 18 a 28 de março de 2021.

Ciente do grave momento que a rede de saúde enfrenta, a entidade se coloca à disposição para colaborar com medidas que ajudem a amenizar essa crise, reforça que sempre defendeu a prevenção e a vida, viabilizando medidas para proteger a sociedade local e regional contra o avanço da covid-19.

No entanto, a entidade sindical reitera a importância de preservar empregos, empresas e renda da região, pelo que entende que o fechamento das atividades empresariais não é a melhor solução para enfrentamento da disseminação do coronavírus.

O setor produtivo foi muito penalizado diante da suspensão de atividades e restrições de horários de funcionamento, considerando a não apresentação de quaisquer políticas públicas que amparem os empresários dos setores, inclusive com relação a benefícios emergenciais de proteção ao emprego, como foi o caso da lei 14.020/2020 e as medidas provisórias nº 928 e 936, os empresários se sentem jogados à própria sorte.

Desta forma, o Sindloja registra que os empresários estão no limite de um colapso financeiro, e infelizmente centenas de empresas poderão fechar as portas, pois tal decreto inviabiliza a continuidade de atividades, ensejando possibilidade de demissões em massa.

Neste sentido, é do interesse da classe que medidas alternativas ao fechamento das atividades empresariais sejam aplicadas para o enfrentamento da pandemia. O Sindloja enviou no ano passado, através do secretário Alberes Lopes, protocolo com sugestões de medidas para combate à disseminação do coronavírus, que aproveitamos o momento para reforçar:

- Escala de horários para o início das atividades econômicas: indústria 6h / construção civil 7h / serviços 8h / comércio 9h, tendo no final do turno também uma hora de diferença, dessa forma reduzindo a pressão no sistema de transporte público reduzindo dessa as aglomerações costumeiras.

- Outra medida seria obrigar os ônibus a trafegarem com sua lotação máxima, sendo todos os passageiros sentados com máscaras e com as janelas abertas, não permitindo pessoa em pé.

- Os transportes de aplicativos e táxi só permitirem no máximo dois passageiros no banco de trás.

- Aumentar fiscalização em locais de possíveis aglomerações, como bares, festas, chácaras entre outros.

- Fazer campanha de conscientização da população, inclusive pedindo apoio na fiscalização das normas de prevenção.

- Reforçar as medidas já em uso, como a medição de temperatura, disponibilidade de álcool em gel para funcionários e clientes, garantir o distanciamento no atendimento e zelar pela higienização dos ambientes internos das empresas.

Defendemos que o distanciamento social não seja sinônimo de proibição do trabalho e fechamento de atividades, tendo em vista que 90% do comércio e serviços do município não possuem aglomerações, devido as dificuldades geradas pela crise.

Dentro das lojas temos ambiente controlado, são raras as que possuem vários compradores simultâneos e as que possuem conseguem manter número suficiente para garantir o distanciamento necessário, a contaminação do covid-19 não está acontecendo no ambiente das empresas.

Por fim, reiteramos ao governador do Estado de Pernambuco que as medidas restritivas e de fechamento do comércio sejam apresentadas e debatidas previamente com as entidades representativas, bem como que não sejam editados outros decretos neste sentido, pois registramos a necessidade de políticas públicas de vacinação, fiscalização contra aglomerações e aplicação das medidas sanitárias, além da possibilidade eventual de escalas de horário para atividade econômica como um todo.

Registramos que o objetivo maior do Sindloja é garantir a saúde, emprego, renda e qualidade de vida aos empresários e trabalhadores.