Na última quarta-feira (28), Paulo Leite, de 89 anos, e sua família comemoravam que o idoso recebia a segunda dose do imunizante contra a Covid-19. No entanto, a comemoração acabou se tornando motivo para se preocupar. O motivo é que o idoso teria recebido doses da vacina de fabricantes diferentes.
Mesmo entregando o cartão de vacinação e o bilhete que comprovava que ele havia recebido a primeira dose da vacina AstraZeneca/Fiocruz, a família alega que, ao invés de tomar a segunda dose do mesmo fabricante, Paulo recebeu uma dose da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan.
"Ela aplicou e entregou minha carteirinha à moça que ficava no computador. Meu filho estava acompanhando e quando ela devolveu a carteirinha, meu filho olhou e disse 'você não aplicou a dose da Fiocruz'". Assim que percebeu o que tinha acontecido, o idoso disse que ficou nervoso, mas afirma que até agora não teve nenhuma reação adversa.
O que acontece ao tomar doses diferentes?
O virologista da Fiocruz, Lindomar Pena, explicou que não existem estudos de segurança e eficácia que autorizem usar as doses de fabricantes diferentes. "Eu acredito que esse paciente ficou imunizado porque ele recebeu a dose de reforço, embora a vacina seja diferente, com mecanismo diferente, mas ele vai sim ter um aumento da imunidade", explica.
Apesar de a imunidade ter sido elevada, não se sabe se o idoso atingiu um nível de imunidade adequado. "Não tem como garantir, porque o fabricante da vacina AstraZeneca garante seu percentual de eficácia com duas doses da sua vacina, e não foi o caso", disse Lindomar.
Não existem pesquisas que mostrem o percentual de eficácia das duas vacinas misturadas. O virologista explicou ainda que, por segurança, o idoso poderia tomar a segunda dose da AstraZeneca para garantir o percentual de eficácia do fabricante.