Na última quinta-feira (20) professores, técnicos-administrativo e estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) participaram de ato simbólico no campus no Recife, em defesa das universidades públicas, contra os cortes nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), a Reforma Administrativa (PEC 32/20) e em memória às quase 450 mil vidas perdidas para Covid-19 no país.
O ato é uma resposta ao anúncio da liberação dos valores do orçamento determinado pelo Ministério da Educação (MEC) para as instituições federais de Ensino Superior que não é suficiente para assegurar o pleno funcionamento das instituições.
Recentemente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) declarou que só pode manter o funcionamento até a metade de 2021. Enquanto em Pernambuco, a UFRPE e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), também estão em estado de alerta com os cortes de verbas, já que as atividades também podem ser paralisadas ainda em 2021.
O corte orçamentário foi de 21% a partir da Lei Orçamentária Anual (LOA), realizado pelo Governo Federal. Há também um bloqueio de 13,8%, a partir de decreto do dia 22 de abril. Essas severas restrições deixam a instituição sem dinheiro para investimentos, ou seja, compra de equipamentos básicos ou reformas e obras.
De acordo com o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, caso não haja recomposição orçamentária, a universidade pode ter seu funcionamento suspenso antes do final do ano. “Estamos trabalhando, ao máximo, para minimizar os impactos, contudo precisamos do apoio da sociedade para que as medidas sejam revistas, pois são as universidades e institutos os responsáveis por mais de 90% da produção de ciência e tecnologia do País”, afirma.
O que pode mudar na UFPE e UFRPE?
Com os cortes algumas medidas serão inviabilizadas, como o custeio e manutenção das instituições. Isso gera impacto na assistência a estudantes que precisam de apoio financeiro básico, como transporte ou alimentação, para concluírem seus cursos.
No caso da UFRPE, serviços de extensão que são ofertados à população também serão diretamente afetados, como o atendimento a animais da Região Metropolitana do Recife, por meio do Hospital Veterinário Escola, no Campus Dois Irmãos, e a assistência a produtores rurais no interior do Estado. Na UFPE, entre as ações que serão prejudicadas estão a pesquisa para o desenvolvimento de vacinas, testes para diagnóstico da Covid-19 e outras ações para enfrentamento da pandemia desenvolvidas pela UFPE.
O reitor da UFPE, Alfredo Gomes afirmou que a conta não fecha. “Estamos regredindo para o orçamento de 2011, apesar de termos atualmente uma universidade com muito mais estudantes, laboratórios de pesquisa e projetos de extensão, por exemplo. Cresceram os custos com serviços, segurança, água e energia, a manutenção da infraestrutura como um todo. Então, essa conta não fecha. É preciso que seja realizada a recomposição desse orçamento para podermos fazer a gestão da Universidade durante o ano de 2021”, explica o reitor.
*Com informações da Folha de Pernambuco