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Covid-19: monitoramento aponta que variante de Manaus é predominante em Caruaru, no Agreste

Resultado das análises foi apresentado em Nota Técnica da Prefeitura em convênio com a UFPE.

Eduarda Cabral
Eduarda Cabral
Publicado em 08/06/2021 às 8:25
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

Com a alta no registro de casos de Covid-19 no Agreste de Pernambuco, que levou o Governo do Estado a adotar novas medidas restritivas mais rígidas na região, a Prefeitura de Caruaru assinou, na última semana, um convênio com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para a realização de um monitoramento epidemiológico de variantes do vírus SARS-Cov-2. A primeira Nota Técnica foi divulgada na última segunda-feira (7) e aponta que a variante de Manaus predomina no município.

O monitoramento busca ajudar a entender o tipo de cepa que circula na região e como o vírus tem se comportado. Nesta primeira etapa, enviadas ao Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica – Suely Galdino (NUPIT-SG) 48 amostras de swabs nasofaríngeos provenientes de pacientes de Caruaru (47) e Toritama (01), com sintomas característicos da Covid-19. Todos os pacientes estavam internados em Caruaru, sendo 13 deles na enfermaria, 25 no semi-intensivo e 10 na UTI.

Entre os pacientes avaliados, 29 amostras foram selecionadas para a realização do sequenciamento. Nos resultados obtidos, foram possíveis de sequenciar, com eficiência e confiabilidade, 27 amostras. Dessas, 26 apresentaram mutações características da variante de Manaus, a P.1 (ou variante Gamma, segundo a recente designação proposta pela Organização Mundial de Saúde).

“A predominância da variante P.1 do SARS-CoV-2 na região do Agreste de Pernambuco é preocupante, em função da presença de mutações que resultam na maior transmissibilidade. Essa variante geralmente provoca quadros mais graves, o que justifica o seu predomínio nos casos avaliados de Caruaru, onde todos os pacientes tinham alterações respiratórias, com demanda de oxigênio”, explicou a pesquisadora do NUPIT-SG, profa. Michelly Pereira.

O relatório destaca que há uma alta taxa de mortalidade associada à infecção da variante P.1, especialmente devido à superlotação das Unidades Intensivas de Saúde, o que confirma a gravidade da situação dos municípios da região. O crescente aumento do registro de casos em Caruaru nos útlimos 90 dias pode ser indicativo de que outras variantes estejam em circulação.

“É de extrema urgência a ampliação da cobertura de imunização para a região do Agreste para tentar conter o avanço dos casos de contaminação e salvar vidas”, finalizou o prof. Valdir Balbino, pesquisador do Laboratório de Bioinformática e Biologia Evolutiva (Labbe).

Parceria entre Prefeitura e UFPE

De acordo com a Prefeitura de Caruaru, este monitoramento de variantes do vírus SARS-CoV-2 representa uma estratégia necessária para as medidas de vigilância epidemiológica, tendo em vista o surgimento de novas variantes do vírus que já foram relatadas no Brasil. Para a Prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, investigar o comportamento do vírus pode ajudar nas estratégias para a contenção da doença.

“A partir do momento que a gente tem esse detalhamento, entendemos melhor o comportamento do vírus, sua transmissibilidade e mudança de comportamento sintomático que pode causar nas pessoas infectadas. Quanto mais a gente entende a doença, mais poderemos ter caminhos para evitá-la ou tratá-la”, pontuou.