Um dos 50 finalistas do Global Teacher Prize, conhecido como o “Nobel da Educação”, é o professor Greiton Toledo, de 31 anos de idade. Através da matemática, o pesquisador do Instituto Federal Goiano, em Ipameri, desenvolveu um projeto junto com seus alunos para realizar atividades que auxiliam no tratamento do mal de Parkinson de maneira sustentável.
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O projeto "Mattics" nasceu em 2014 e levou Greiton a ser um dos finalistas da premiação, que teve mais 8 mil profissionais de 121 países inscritos. O vencedor da edição, que será anunciado em novembro deste ano, receberá uma honraria no valor de US$ 1 milhão, concedida pela Varkey Foundation, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A iniciativa nasceu em uma escola da rede pública municipal. No começo, o investimento financeiro no projeto era feito com o dinheiro do professor. "Idealizei o projeto Mattics com esses alunos. Hoje, vejo turmas motivadas pela Matemática, querendo ir pra escola fazer pesquisas científicas e desenvolver tecnologias em prol da sociedade, usando conhecimentos de matemática, robótica e jogos digitais. Os milagres que fizemos lá são reais e diários", contou Greiton.
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Em 2017, o projeto foi ampliado e passou a ser realizado com turmas do Ensino Médio do Instituto Federal Goiano. As atividades desenvolvidas envolveram a construção de jogos digitais e o desenvolvimento de dispositivos de robótica de baixo custo usando matemática, programação e robótica, destinadas ao tratamento de sintomas da doença de Parkinson.
"Com a implementação do projeto, os alunos começaram a ver sentido naquilo que estudavam em matemática como uma aplicação científico-tecnológica em prol da sociedade, deixando de lado a repulsa, o bloqueio, a incapacidade e o medo dessa área de conhecimento", afirmou o professor.
Expansão do projeto
O Mattics nasceu em 2014 e contava com apenas 50 alunos envolvidos no projeto. Atualmente, mais de 3000 alunos de todo o país se empenham no desenvolvimento do projeto e usam ferramentas de programação gráfica, dispositivos de robótica de baixo custo e recicláveis para atender à sociedade através de construções destinadas ao tratamento de Parkinson de pacientes em hospitais públicos de Goiás.
"Quando eu planejo uma aula, sempre considero se a aula vai fazer com que o aluno pense matematicamente, engaja-se e desenvolva-se criativo e cientificamente. Priorizo um espaço para debater ideias, construir teorias provisórias e materiais criativos e científico-tecnológicos de forma engajada e priorizando a socialização", explica o professor. "Cuido para que as ideias dos alunos e os seus conhecimentos prévios sejam mobilizados, garanto que se faça uso de discussão coletiva, de pesquisa e de argumentação matemática."
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Papel na sociedade
Além de desenvolver ações que contribuem de forma direta com a recuperação e tratamento de outras pessoas, o projeto também tem como objetivo incentivar o questionamento, a reflexão e o trabalho colaborativo criativo-científico e tecnológico dentro e fora do ambiente escolar.
"Os alunos são incentivados a questionar ideias intuitivas, a criar teorias provisórias de matemática e a sistematizar conceitos a partir do fazer e saber matemática durante a construção dos algoritmos pela programação", explicou o professor de matemática.
Além das etapas desenvolvidas dentro da sala de aula, uma vez por mês os alunos visitam o hospital e interagem com os idosos com o material que foi produzido para ajudá-los no tratamento. O trabalho é acompanhado por profissionais de saúde, que usam os equipamentos produzidos pelos alunos, como sensores e robôs.
"Assim, os alunos são preparados para uma sociedade futura e intelectualmente solidária. Nosso trabalho, ao longo de anos", destacou Greiton.
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