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Hospital nega transplante de coração a paciente não vacinado contra a covid-19

Pai do paciente diz que a vacina contra a covid vai contra os "princípios básicos de seu filho"

Gabriela Luna
Gabriela Luna
Publicado em 26/01/2022 às 10:26 | Atualizado em 26/01/2022 às 10:29
Foto: Reprodução
Ferguson está no hospital desde 26 de novembro. - FOTO: Foto: Reprodução

Um hospital dos EUA tirou da lista de transplantes de coração DJ Ferguson, de 31 anos, alegando, entre outros motivos, que ele não foi vacinado contra a covid-19.

O paciente precisa urgentemente de um novo coração, mas, segundo o pai de Ferguson, o hospital, localizado em Boston, negou o procedimento. David disse ainda que a vacina contra a covid vai contra os "princípios básicos de seu filho, ele não acredita nela".

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Em nota, o hospital justificou que estava seguindo sua política para transplantes. "Dada a escassez de órgãos disponíveis, fazemos tudo o que podemos para garantir que um paciente que recebe um órgão transplantado tenha a maior chance de sobrevivência", disse o Brigham and Women's Hospital disse à BBC em um comunicado.Um porta-voz disse que o hospital exige "a vacina contra covid-19 e determinados comportamentos e estilo de vida para os candidatos a transplante para criar a melhor chance de uma operação ser bem-sucedida e otimizar a sobrevivência do paciente após o transplante, já que seu sistema imunológico é drasticamente suprimido", dizia o texto.

A declaração do hospital indica que outros motivos, além do status não vacinado do paciente, podem ter pesado na sua inelegibilidade para o transplante. Mas o hospital se recusou a discutir detalhes, citando a privacidade do paciente.

Pai de dois filhos e com um terceiro a caminho, Ferguson está no hospital desde 26 de novembro. Ele sofre de um problema cardíaco hereditário que faz com que seus pulmões se encham de sangue e fluido.

Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA incentiva os receptores de transplantes e aqueles em seus círculos imediatos a serem totalmente vacinados, inclusive com dose de reforço.

Arthur Caplan, diretor de Ética Médica da NYU Grossman School of Medicine, disse à CBS News que, após qualquer transplante de órgão, o sistema imunológico de um paciente é praticamente "desligado" e que até mesmo um resfriado comum pode ser fatal.

"Os órgãos são escassos, não vamos distribuí-los para alguém que tenha poucas chances de viver quando outros vacinados têm mais chances de sobreviver após a cirurgia", disse Caplan.