No último sábado (5), Daniel Sacramento Nazário Gomes, de 32 anos, tinha acabado de sacar o salário do mês para pagar as contas da família. Mas era dia de trabalho e o gari, resolveu tirar um cochilo após o almoço na praça em que limpava, na região do Barreiro, na Grande BH. Na volta para casa, ainda no ônibus, o homem percebeu que a carteira com R$ 1,2 mil, todos os documentos e cartões não estava com ele.
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"Ele imediatamente voltou ao local, mas não achou. Foi aí que a gente desesperou. Temos dois filhos, de 2 e 13 anos, e estávamos no sufoco. Dois dias antes, o carro havia estragado e precisávamos ainda pagar o reboque, além dos boletos do mês. A verdade é que, neste momento, tínhamos perdido tudo", contou ao UOL a esposa de Daniel, Vanessa Daiana Campos Gomes, de 32 anos.
No entanto, o que parecia literalmente perdido, foi encontrado por Amanda Faleiro, de 34 anos, e Diego Soares, de 37. O casal iniciou uma busca para localizar quem era o dono da carteira.
“Eu estava fazendo compras na papelaria e meu marido chega pálido e avisa da carteira. Percebemos que tinha documentos, mas procuramos nas redes sociais e não encontramos nenhum perfil que fosse o de Daniel. Foi só quando um amigo que trabalha no serviço público buscou pelo CPF, e encontrou um documento de carro com endereço, que tivemos a primeira pista”, explicou Amanda.
Empatia
Segundo ela, foi com a referência de um endereço que o casal se deslocou para outra região da Grande BH, Ibirité, a quase 20 quilômetros de onde moram, em Contagem.
"Era sábado à noite, quase 21h, mas sentia que era nossa obrigação ajudar [...] Pensava o tempo todo que poderia ser o dinheiro de um mês de uma família, o que de fato era verdade", afirmou a mulher.
Mesmo com todo esforço, Amanda e Diego, que trabalham como analista administrativa e vendedor, respectivamente, não quiseram nada em troca.
"Tentamos recompensar de alguma forma. Falamos que ninguém iria saber. Eles vieram de longe. Mais do que a gasolina e o transtorno, a atitude foi muito digna de recompensa. Mas eles não aceitaram nem uma parte da quantia, o que nos comoveu mais ainda", detalhou a esposa do gari.
“Acredito que ainda existem pessoas boas que fazem o bem sem nada em troca, e que o justo não falha. Quem conhece a jornada de um gari sabe que não é fácil. Sem palavras para agradecer, fizeram com certeza diferença na nossa vida” concluiu.
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