Após aproximadamente duas horas de depoimento para a Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou a sede em Brasília nesta quarta-feira (12).
Ele foi ouvido no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado, que teria sido articulada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). O inquérito foi aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em fevereiro.
A Polícia Federal não revelou o conteúdo do depoimento. Ao falar com a imprensa, Bolsonaro negou qualquer vínculo com Marcos do Val, embora tenha admitido ter participado de uma reunião com o senador e o então deputado federal Daniel Silveira no início de dezembro.
O conteúdo dessa reunião está sendo investigado pela polícia. Suspeita-se que eles discutiram uma possível tentativa de golpe de Estado, invalidando as eleições que ocorreram pouco mais de um mês antes.
“Nada aconteceu no dia 8 de dezembro. Até porque não tinha nenhum vínculo com o senhor Marcos do Val. Que eu me lembre, nunca tive uma reunião com ele, nunca o recebi em audiência, a não ser, talvez, fotografia, que é muito comum acontecer entre nós. Então, nada foi tratado, não tinha nenhum plano”, disse.
Ele afirmou que permaneceu em silêncio durante o encontro com os parlamentares, que eram membros de sua base governista: “O que eu tirei da conversa, fiquei calado ali, era que o Daniel Silveira queria que o Marcos do Val falasse alguma coisa. Ele também não falou nada”.
Bolsonaro afirmou que a impressão que teve de Silveira e do Val é que os dois não costumavam conversar entre si, mas se aproximaram após o senador mencionar, durante uma audiência pública, que precisaria se ausentar para uma reunião com o ministro do STF.
“Passou a ter [uma relação entre os dois parlamentares] após aquela audiência pública onde o Marcos do Val, ao falar que iria se encontrar com o ministro Alexandre de Moraes, poderia extrair algo de útil desse possível relacionamento entre o senador e o ministro”.
Uma das suspeitas seria de que o senador queria gravar a conversa para tentar conseguir uma declaração do ministro admitindo ter ultrapassado "os limites da Constituição".
A admissão de culpa, que nunca ocorreu por parte do magistrado, poderia ser usada como como argumento para questionar o resultado das eleições presidenciais de 2022.
*Com informações da Agência Brasil
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