Entidades pedem que Lula escolha mulher negra como substituta de Rosa Weber, no STF
Até hoje, STF nunca teve ministra negra como ministra; Entre homens, apenas três ministros são negros; Atualmente, todos são brancos
No próximo mês de outubro, a ministra Rosa Weber deixará o Supremo Tribunal Federal. Para o lugar dela, entidades de combate ao racismo querem que o presidente Lula escolha uma mulher negra.
Ao longo de seus 132 anos de existência, a mais alta instância do Poder Judiciário do Brasil nunca teve a presença de uma mulher negra ocupando o cargo de ministra. Até hoje, três mulheres já foram (duas delas ainda são) ministras, mas todas são brancas.
Nesse contexto, o Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) e a Coalizão Negra por Direitos lançaram a campanha "#PretaMinistra".
Como parte desta iniciativa, um vídeo protagonizado pela jovem atriz Lua Miranda foi exibido nos dias 11 e 12 de setembro em um dos telões da Times Square, localizada na cidade de Nova York, Estados Unidos.
O vídeo começa com a frase "ela tem um sonho" e, em seguida, Lua Miranda expressa seu desejo com as palavras: "Quando eu crescer, quero ser ministra do STF". Ao encerrar, a mensagem deixada pelas instituições serve como provocação: "Nunca antes na história deste país uma menina negra conseguiu realizar esse sonho".
“É importante que a gente avance no entendimento de democracia no Brasil. É impossível sustentar que vivemos numa democracia plena quando, a comunidade negra que representa 56% do país e as mulheres negras que representam 28% da população nacional, nunca foram representados por uma mulher negra no Supremo Tribunal Federal, nos seus 132 anos”, disse, ao G1, Joel Luiz Costa, diretor executivo do IDPN.
“O fato de mulheres negras nunca terem ocupado essa cadeira mostra que nossa democracia ainda não alcançou a plenitude. Ao menos não para a população negra. Precisamos erguer a memória de mulheres negras no STF e de pessoas negras no sistema de justiça como um todo”, analisou Joel.
“Ter uma mulher negra no STF é uma questão de Justiça. Ocupar esse espaço de poder é uma ação de enfrentamento de injustiças históricas e um passo na reparação. Não faz sentido que a suprema corte do poder judiciário nacional não tenha representação equivalente ao que é o povo brasileiro. Desde o período colonial, o Brasil mantém a subalternização e excludência de pessoas negras”, diz Nina Vieira, do Manifesto Crespo, coletivo que dialoga sobre identidades, gênero e práticas anti-racistas.
LULA ESCOLHERÁ NOVO(A) MINISTRO(A); Primeiro escolhido foi Zanin
Neste ano, Lula já escolheu Cristiano Zanin, como novo ministro. Ele foi advogado do presidente durante o processo da Lava Jato, e é branco.
Em outubro, a ministra Rosa Weber, que atualmente é a presidente do STF, encerra seu período na corte. Dessa forma, Lula poderá escolher quem ocupará o lugar dela.
Independentemente de raça, se Lula não escolher uma mulher para substituir Rosa Weber, a corte ficará apenas com a ministra Carmen Lúcia, representando o público feminino.
Ainda não se sabe qual será a decisão de Lula.