DESLIGAMENTOS

Governo Lula exonera servidores da Abin presos por espionar ilegalmente autoridades e jornalistas

As demissões de Eduardo Izycki e Rodrigo Colli foram publicadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU)

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Marcelo Aprígio

Publicado em 21/10/2023 às 6:45
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Dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) presos por espionegaem ilegal foram exonerados pelo governo Lula na noite dessa sexta-feira (20).

As demissões de Eduardo Izycki e Rodrigo Colli foram publicadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), assinadas pelo ministro Rui Costa, titular da Casa Civil da Presidência da República.

Na sexta-feira pela manhã, a Polícia Federal deflagrou a Operação Última Milha, cujo intuito era investigar o uso indevido, justamente pelos dois servidores da Abin, de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis ilegalmente. Isto é, sem a devida autorização judicial.

O sistema teria sido acessado para espionar ilegalmente autoridades, jornalistas, servidores.

Os dois foram presos na operação da PF, que também cumpriu 25 ordens judiciais de busca e apreensão em diversos estados. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Segundo a PF, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um "software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos".

POSSÍVEL CHANTAGEM

Além disso, apura-se a atuação de dois servidores da Agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do programa como meio de coerção indireta para evitar a demissão.

Ao explicar a demissão dos servidores, a Rui Costa disse, apesar de estarem ocupando o cargo público de oficial de inteligência da Abin, Izycki e Colli participaram, na condição de sócios representantes da empresa ICCIBER/CERBERO, de pregão aberto pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (pregão nº 18/2018-UASG 160076).

O pregão tinha por objeto a aquisição de solução de exploração cibernética e web intelligence capaz de realizar coleta de dados e diversas fontes da internet.

Ao assim procederem, de acordo com a nota, os servidores incorreram infrações administrativas que incluem participação em administração e gerência de empresa privada, conflito de interesses e descumprimento do regime de dedicação exclusiva à Abin.

Confira a íntegra da nota da Casa Civil da Presidência da República:

"Demissão de servidores da Abin

A Casa Civil da Presidência da República informa que foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, na noite desta sexta-feira (20), a demissão dos servidores Eduardo Izycki e Rodrigo Colli da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A decisão foi tomada após constatada a participação, na condição de sócios representantes da empresa ICCIBER/CERBERO, de pregão aberto pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (pregão nº 18/2018-UASG 160076).

O pregão tinha por objeto a aquisição de solução de exploração cibernética e web intelligence capaz de realizar coleta de dados e diversas fontes da internet.

Ao assim procederem, os servidores incorreram nas seguintes infrações administrativas:

1. Violação de proibição contida expressamente em lei - atuação em gerência e administração de sociedade empresária - Art. 117, inciso X, da Lei 8112/90;

2. Improbidade Administrativa por violação de dever mediante conduta tipificada em lei como conflito de interesse - Conforme artigo 132, inc. IV da Lei nº 8.112/1990, c/c Arts. 4º e 5º, incisos III, IV e V, e 12, todos da Lei nº 12.813/2013, e artigo 11 da Lei 8.429/92.

3. Violação do regime de dedicação exclusiva a que se submetem todos os ocupantes do cargo de Oficial de Inteligência da ABIN - Lei nº 11.776, de 17 de setembro de 2008 (art. 2º, I, "a", c/c art. 6º, § 1º)."

Com informações da Agência Brasil.

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