Neste domingo (26/06), Antonia Fontenelle compartilhou um vídeo em que oferece ajuda à Klara Castanho. A atriz de 21 anos se viu obrigada a expor a gravidez indesejada que teve recentemente e que foi resultado de um estupro. O colunista Léo Dias, do Metrópoles, também está envolvido na polêmica e também fez um posicionamento nesta tarde.
"Não sou boa em me comunicar quando se trata de carta aberta. Prefiro olho no olho. @klarafgcastanho como não consegui outro meio de comunicação com você e nem com sua família. Espero que esse vídeo chegue até você", escreveu na legenda do vídeo compartilhado em seu perfil no Instagram.
No registro deste domingo, Fontenelle disse que está disposta a ajudar Klara Castanho. A apresentadora falou pediu para que a atriz entrasse em contato com ela para que o criminoso pague pelos seus atos. "Eu quero te oferecer ajuda. Me deixe chegar até quem fez isso com você e fazer ele pagar por isso" disse no vídeo.
KLARA CASTANHO está entre o assunto mais comentado da internet neste fim de semana. Isso porque a atriz de 21 anos - após acusações feitas pela apresentadora Antonia Fontenelle - viu-se obrigada a se pronunciar publicamente, revelando que o filho que teve recentemente foi resultado de um estupro.
O caso também envolve o colunista Léo Dias, do Metrópoles. O jornalista, inclusive, está sendo cancelado nas redes sociais porque depois que o estupro e gravidez de KLARA CASTANHO veio à tona, ele foi a público, afirmando já ter tido conhecimento e dando detalhes sobre o caso. Uma chuva de críticas pela postura dele caiu na web.
Não demorou muito para que internautas resgatassem uma entrevista do jornalista ao The Noite, programa do SBT apresentado por Danilo Gentili. A entrevista foi exibida no dia 16 de junho deste ano, onde Leo Dias foi questionado sobre alguma informação que era "doido para contar", mas que nunca revelou.
"Vivi um dilema recentemente, muito recente. Esse mês. É coisa inacreditável, coisa da sociedade se questionar muitas vezes, mas envolve uma atriz... É muito pesado", declarou o jornalista.
"Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes.
No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim.
Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família nem dos meus amigos. Uma tristeza infinita que eu nunca tinha sentido antes. As redes sociais são uma ilusão e deixei lá a ilusão de que a vida estava ok enquanto eu estava despedaçada. Somente a minha família sabia o que tinha acontecido.
Os fatos até aqui são suficientes para me machucar, mas eles não param por aqui. Meses depois, eu comecei a passar mal, ter mal-estar. Um médico sinalizou que poderia ser uma gastrite, uma hérnia estrangulada, um mioma. Fiz uma tomografia e, no meio dela, o exame foi interrompido às pressas.
Fui informada que eu gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando eu soube. Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso nem barriga.
Naquele momento do exame, me senti novamente violada, novamente culpada. Em uma consulta médica contei ter sido estuprada, expliquei tudo o que aconteceu. O médico não teve nenhuma empatia por mim. Eu não era uma mulher que estava grávida por vontade e desejo, eu tinha sofrido uma violência.
E mesmo assim esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo. Essa foi mais uma da série de violências que aconteceram comigo. Gostaria que tivesse parado aí, mas, infelizmente, não foi isso o que aconteceu.
Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que ela merece ter.
Entre o momento que eu soube da gravidez e o parto se passaram poucos dias. Era demais para processar, para aceitar e tomei a atitude que eu considero mais digna e humana. Eu procurei um advogada e conhecendo o processo, tomei a decisão de fazer uma entrega direta para adoção.
Passei por todos os trâmites: psicóloga, Ministério Público, juíza, audiência - todas as etapas obrigatórias. Um processo que, pela própria lei, garante sigilo para mim e para a criança. A entrega foi protegida e em sigilo. Ser pai/e ou mãe não depende tão somente da condição econômica-financeira, mas da capacidade de cuidar.
Ao reconhecer a minha incapacidade de exercer esse cuidado, eu optei por essa entrega consciente e que deveria ser segura. No dia em que a criança nasceu, eu, ainda anestesiada do pós-parto, fui abordada por uma enfermeira que estava na sala de cirurgia. Ela fez perguntas e ameaçou: "Imagina se tal colunista descobre essa história".
Eu estava dentro de um hospital, um lugar que era para supostamente me acolher e proteger. Quando cheguei no quarto já havia mensagens do colunista, com todas as informações. Ele só não sabia do estupro. Eu ainda estava sob o efeito da anestesia. Eu não tive tempo de processar tudo aquilo que estava vivendo, de entender, tamanha era a dor que eu estava sentindo.
Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha acontecido. Ele prometeu não publicar. Um outro colunista também me procurou dias depois querendo saber se eu estava grávida e eu falei com ele. Mas apenas o fato de eles saberem, mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor e vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim nem pela criança.
Bom, agora a notícia se tornou pública, e com ela vieram mil informações erradas e ilações mentirosas e cruéis. Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança.
Cada passo está documentado e de acordo com a lei. A criança merece ser criada por uma família amorosa, devidamente habilitada à adoção, que não tenha as lembranças de um fato tão traumático. E ela não precisa saber que foi resultado de uma violência tão cruel.
Como mulher, eu fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam. Ter que me pronunciar sobre um assunto tão íntimo e doloroso me faz ter que continuar vivendo essa angústia que carrego todos os dias.
A verdade é dura, mas essa é a história real. Essa é a dor que me dilacera. No momento, eu estou amparada pela minha família e cuidando da minha saúde mental e física. Minha história se tornar pública não foi um desejo meu, mas espero que, ao menos tudo o que me aconteceu sirva para que mulheres e meninas não se sintam culpadas ou envergonhadas pelas violências que elas sofrem.
Entregar uma criança em adoção não é um crime, é um ato supremo de cuidado. Eu vou tentar me reconstruir, e conto com a compreensão de vocês para me ajudar a manter a privacidade que o momento exige. Com carinho, Klara Castanho".
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