Em dezembro de 1992, o Brasil reagiu com choque e revolta às notícias do assassinato de Daniella Perez. A atriz e bailarina de 22 anos conquistou o país interpretando Yasmin na novela "De Corpo e Alma", escrita por Glória Perez, sua mãe.
Foi justamente um colega de elenco da novela o responsável pelo crime. O ex-ator Guilherme de Pádua e sua então esposa, Paula Thomaz, mataram Daniella com 18 punhaladas e deixaram seu corpo em um terreno baldio.
Após o crime brutal, o assassino pôs-se a escrever um livro para descrever sua versão dos fatos. "A História que o Brasil Desconhece" foi publicado pela editora mineira O Escriba, mas a Justiça proibiu a circulação da obra.
Abaixo, veja detalhes do conteúdo do livro. As informações são da Folha de S.Paulo e repercutidas pelo Yahoo.
Mesmo com a obra proibida, o veículo encontrou um exemplar do livro à venda por R$ 90 num sebo virtual.
No chamado "romance autobiográfico", Guilherme de Pádua defende a tese de que ele e Daniella Perez tiveram um caso, algo que já foi refutado. No livro, ele também afirma que foi Paula Thomaz, sua mulher à época, quem cometeu o assassinato da vítima, motivada por ciúmes do marido.
Além disso, ele fala sobre os bastidores da Globo, que ele chamou de "covil dos deuses". Os acontecimentos são narrados em terceira pessoa e recriam diálogos extensos, "com o propósito de tornar a narrativa mais atraente do ponto de vista literário", e pedindo desculpas se alguns dos fatos são romanceados, "pois a memória foi o único recurso usado para escrevê-los".
Sobre a TV Globo, ele chegou a dizer no livro que seu salário era tão baixo que tinha que complementar a renda fazendo participações como atração em festas.
Guilherme de Pádua também falou de sua relação com Paula Thomaz, sua então esposa. Ele menciona que ambos se chamavam por apelidos carinhosos e chegaram até a tatuar o nome um do outro na genitália.
O ex-ator teria tatuado "Paulinha" no pênis, o que mais tarde se comprovaria por perícia feita pela polícia, e ela teria tatuado "Guilherminho" na virilha. Os diminutivos eram os nomes que davam aos respectivos órgãos genitais.
Ele ainda fala que trocava confidência com Daniella Perez e que chegaram a ter um envolvimento. Vale lembrar que isso já foi refutado por Glória Perez e boa parte da equipe que participava das gravações da novela, em depoimento gravado para a série "Pacto Brutal".
O assassino ainda acusa sua ex-esposa, Paula Thomaz, de ter sido a verdadeira culpada pelo crime. Segundo ele, a motivação de Paula era causada por ciúme da sua suposta relação com Daniella.
De acordo com depoimentos na série "Pacto Brutal", a história é bem diferente daquela que o ator pinta em seu livro.
Na verdade, Guilherme de Pádua começou a assediar Daniella quando os dois ainda gravavam a novela, o primeiro trabalho solo de Glória na Globo. Ele tinha medo de perder espaço na trama e passou a pedir para que a companheira de cena intervisse a seu favor.
Antes do fim daquele ano, Guilherme de Pádua notou que não tinha participação em dois capítulos finais da novela. Assim, no dia 28, ele deixou a gravação e foi para casa buscar lençol, travesseiro e a mulher, Paula.
Eles esperaram a saída de Daniella do set de gravações e, com o carro, a fecharam em um posto de gasolina. A filha de Gloria desceu do veículo para entender o que estava acontecendo e questionar Pádua, que a agrediu em seguida, deixando-a desacordada.
O assassino colocou Daniella no próprio carro, que foi dirigido por Paula, enquanto ele seguia conduzindo o veículo que era da atriz. O casal foi até a Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, e procurou por um terreno baldio.
Ali mesmo, Daniella foi assassinada. Moradores da região estranharam a movimentação e ligaram para a polícia, que chegou quando o casal não estava mais lá. A polícia descobriu que o ator estava envolvido no assassinato da atriz por causa da placa do carro, que foi anotada por testemunhas.
Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram condenados a 18 anos de prisão, mas ambos deixaram o presídio após cumprirem um terço da pena, em 1999.
Os últimos episódios de "Pacto Brutal", série que relembra o assassinato da atriz, trouxeram novas revelações sobre o crime. Uma delas foi a de que o caixão no qual Daniella foi enterrada teve de ser aberto após o velório, por pedido de Glória.
Isso aconteceu porque o túmulo da atriz foi vandalizado por meses após o crime. “Desde que o fato aconteceu, praticamente há cada duas semanas, a gente era chamado porque tinham tentado abrir o túmulo [onde estava Daniella Perez] (…) Você não tem respiro, não tem paz nem ali no túmulo”, disse Glória Perez.
Em meio aos ataques, o corpo da atriz teve que ser transferido para outro túmulo. No processo de exumação, a autora disse que estranhou a cor do caixão da filha. “Tinha uma cor diferente e eu comecei a cismar que não era o caixão dela, que tinham trocado", relatou.
"Eu dizia: ‘Não é! Abre! Eu quero ver se é ela’. Gritei tanto que eles abriram. Eu me joguei lá em cima do caixão e olhei e vi que era ela”, diz Glória, em depoimento na série documental da HBO.
Segundo ela, assim que o caixão foi aberto, ela teve uma visão. “Não vi nada. Só vi ela. E vi igualzinha como no dia que eu enterrei. Igual. Eu lembro de ter dito pra Sandra: ‘Ela tá igualzinha’ e a Sandra disse: ‘Não, não está’. Eu disse: ‘Está, eu vi!’ e eu nunca mais falei sobre isso e nem quero falar. Eu vi igualzinha”.
Passados cinco anos do crime, o julgamento aconteceu e ambos foram condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade da defesa da vítima. Guilherme foi condenado a 19 anos, e Paula, a 18 anos e seis meses.
Grávida durante o assassinato, Paula deu à luz Felipe em maio de 1993, enquanto estava presa. Ela e o ator se separaram pouco depois, em decorrência das diferentes versões apresentadas como defesa.
Em grande parte dos depoimentos, ele responsabilizava a estão esposa pelo crime. Com apenas sete anos de prisão, os dois foram colocados em liberdade condicional. Hoje, Guilherme de Pádua é pastor e Paula Thomaz leva uma vida discreta.
"Pacto Brutal: o Assassinato de Daniella Perez" é uma série documental produzida pela HBO Max, que relembra o crime brutal que matou a atriz. Os cinco episódios estão disponíveis do serviço de streaming.
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