A missa de encerramento da Festa de Nossa Senhora das Candeias, realizada em Juazeiro do Norte (CE) no início do ano, se tornou a terceira maior romaria da Capital da Fé no Nordeste. O povo chega cedo à Capela do Socorro, onde está enterrado o corpo do Padre Cícero. É tanta gente que não cabe na igreja. A saída é fazer uma missa campal. Até que o cair da noite revela a beleza das velas que se acendem para iluminar os caminhos dos romeiros.
A luz é para a Igreja Católica o caminho que apresenta Jesus. As velas são para a procissão o próprio Evangelho, que diz que ele é a luz do mundo. Assim, pelas ruas de Juazeiro, centenas de fiéis cruzam o centro com cantos característicos, animação e muitos fogos, anunciando a passagem do andor e dos romeiros, mantendo a tradição da procissão luminosa de Nossa Senhora das Candeias.
A procissão que sai da Capela do Socorro, onde o corpo de padre Cícero está sepultado, leva ao ponto de partida da trajetória dele. Foi na basílica que ele iniciou a grande missão. E até hoje, um a um, os romeiros se unem para formar uma grandiosa e fervorosa multidão que ano a ano se aglomera na frente da basílica para manter a festa criada pelo próprio Padre Cícero.
Atravessando os tempos, a história que se conta é que um artesão desempregado pediu ajuda ao padre Cícero, e ele prometeu que não faltaria trabalho. Logo, avisou aos frequentadores da procissão que ela seria luminosa e que todos adquirissem os candeeiros fabricados pelo homem que o procurara.
Assim era padre Cícero, sinônimo de fé e de trabalho. Ensinou empreendedorismo para os que precisavam e ainda deixou a homenagem à santa muito mais bonita. Para os romeiros, participar da celebração que encerra a festa das Candeias é também um momento de emoção, de quem venceu muitas batalhas para estar no evento.
Tradicionalmente, na noite de 2 fevereiro a Praça do Romeiro estará sempre em festa. Em 2020, já são 150 anos de ordenação do padre Cícero Romão Batista. Até o fim do ano, haverá ainda a romaria de aniversário da morte dele, em julho; a festa e romaria da padroeira Nossa Senhora das Dores, em setembro; e a romaria de Finados, em outubro e novembro.
Todas essas manifestações de fé buscam enaltecer a coragem de um mito venerado como um Deus, injustiçado como um homem preso sem cometer crime algum. Indescritível, como alguém que não é unânime, mas deixa sem armas até os mais bravos humanos guerreiros.
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