Coronavírus

Distanciamento social pode ser necessário até 2022, diz estudo

De acordo com pesquisadores, quarentena poderia ser feita de forma intermitente

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 15/04/2020 às 12:41
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Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, revela que o distanciamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus (covid-19) pode ser necessário, pelo menos de forma intermitente, até 2022.

De acordo com o artigo, publicado na revista Science, o grupo liderado pelo epidemiologista Marc Lipsitch elaborou vários cenários de transmissão da doença até 2025, com estimativas de sazonalidade, imunidade e imunidade cruzada para outros vírus responsáveis por resfriados comuns. Os dados levados em consideração foram de séries temporais dos EUA.

Os pesquisadores avaliaram quanto o vírus Sars-CoV-2 deverá persistir nos humanos após o estágio inicial da pandemia, que vivemos atualmente. Para eles, é preciso saber quanto vai durar a imunidade das pessoas depois da contaminação ou de tomar uma eventual vacina, que ainda está sendo desenvolvida.

Os cientistas alertam que será necessário fazer estudos sorológicos que determinem a extensão da imunidade da população, se ela diminui com o tempo e a que taxa. Para eles, a vigilância epidemiológica deverá ser mantida nos próximos anos para antecipar um possível ressurgimento da doença.

Segundo as projeções realizadas no estudo, poderá haver surtos recorrentes da covid-19 durante o inverno, depois da onda pandêmia inicial mais grave, da mesma forma que acontece com outros vírus respiratórios. A estimativa feita é de que a imunidade do Sars-CoV-2 induzida pela infecção poderia durar dois anos.

A incidência da doença nos próximos cinco anos dependerá, segundo eles, de o coronavírus entrar ou não em circulação regular entre as pessoas, o que está ligado à duração da imunidade. Em geral, com outros coronavírus que já circulam entre os humanos a imunidade dura um ano.

Quarentena intermitente

Ainda de acordo com o estudo, já que ainda não existe vacina ou tratamento específico para o coronavírus, nem aumento substancial da capacidade de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), a forma de evitar o colapso dos sistemas de saúde pode ser um distanciamento social prolongado ou intermitente até o ano de 2022.

"Mesmo no caso de eliminação aparente, a vigilância de Sars-CoV-2 deve ser mantida, pois um ressurgimento do contágio pode ser possível até 2024", diz um trecho do artigo.

Os pesquisadores citam estratégias de rastreamento de contatos e quarentena, utilizados na Coreia do Sul e Cingapura, como exemplos. Segundo eles, esforços de distanciamento menos eficazes "podem resultar em uma epidemia prolongada de pico único, com a extensão da pressão sobre o sistema de saúde".

*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo