Repercussão

Prefeito de Tamandaré diz estar "profundamente abalado" pela morte de Miguel

Esposa dele, Sari Corte Real, foi autuada por homicídio culposo após filho da empregada da família morrer

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 05/06/2020 às 11:48
Reprodução/Facebook
FOTO: Reprodução/Facebook

Uma nota enviada à imprensa pela Prefeitura de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, afirma que o prefeito do município, Sérgio Hacker (PSB), está "profundamente abalado" pela morte do menino Miguel Otávio Santana Silva, de cinco anos. A criança faleceu na última terça-feira (2) após cair do prédio de luxo em que a mãe trabalhava como empregada doméstica. Mirtes Renata Santana da Silva era doméstica no apartamento em que mora a esposa do prefeito, Sari Corte Real, que foi autuada por homicídio culposo pela morte da criança.

Mirtes havia saído para andar com a cadela da família e deixou o filho aos cuidados da patroa. Vídeos de câmeras de segurança do prédio mostram o momento em que Miguel entrou no elevador sozinho. A patroa está segurando a porta e parece tentar chamar o menino de volta. Pouco depois, porém, ela deixa a porta fechar e Miguel vai parar no 9º andar. Segundo as investigações, ele se pendurou em uma grade e caiu de uma altura de 35 metros.

"A Prefeitura de Tamandaré, por meio de sua assessoria de imprensa, comunica que o Prefeito de Tamandaré/PE, Sérgio Hacker Corte Real, se encontra profundamente abalado pelo fato já noticiado pela imprensa (lamentável perda do pequeno Miguel), e que no momento próprio e de forma oficial, prestará as informações aos órgãos competentes", diz o texto.

De acordo com a perícia, quando caiu do 9º andar, Miguel estaria procurando pela mãe
De acordo com a perícia, quando caiu do 9º andar, Miguel estaria procurando pela mãe
Cortesia

A esposa do prefeito, Sari Corte Real, foi autuada em flagrante pelo crime de homicídio culposo, por ter deixado a criança andar sozinha no elevador. Ela pagou uma fiança de R$ 20 mil e foi liberada.

Ciara Carvalho: A dor de Mirtes e o choro de Miguel Otávio

Mirtes constava como funcionária da prefeitura

Após a morte do menino, também veio à tona que Mirtes Renata consta como funcionária da prefeitura, mesmo trabalhando na residência particular do prefeito. Os dados sobre a mãe de Miguel estão registrados no cadastro da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), órgão ligado ao Ministério da Economia. Nele, aparece como data de admissão da funcionária o dia 1º de fevereiro de 2017, sem registro de desligamento.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) informou que apura o caso junto à prefeitura. Se for confirmada a irregularidade, o gestor poderá responder por crime de responsabilidade e infração político administrativa. "Na existência de pagamentos por serviços não prestados, as pessoas envolvidas deverão ser chamadas a devolver a quantia recebida. Neste caso específico, o prefeito poderá responder solidariamente, ou seja, terá que também ressarcir os cofres públicos", diz o órgão.

O caso de outros servidores que poderiam estar na condição de "fantasmas" também será apurado, através de uma auditoria especial.