Uma nota enviada à imprensa pela Prefeitura de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco, afirma que o prefeito do município, Sérgio Hacker (PSB), está "profundamente abalado" pela morte do menino Miguel Otávio Santana Silva, de cinco anos. A criança faleceu na última terça-feira (2) após cair do prédio de luxo em que a mãe trabalhava como empregada doméstica. Mirtes Renata Santana da Silva era doméstica no apartamento em que mora a esposa do prefeito, Sari Corte Real, que foi autuada por homicídio culposo pela morte da criança.
Mirtes havia saído para andar com a cadela da família e deixou o filho aos cuidados da patroa. Vídeos de câmeras de segurança do prédio mostram o momento em que Miguel entrou no elevador sozinho. A patroa está segurando a porta e parece tentar chamar o menino de volta. Pouco depois, porém, ela deixa a porta fechar e Miguel vai parar no 9º andar. Segundo as investigações, ele se pendurou em uma grade e caiu de uma altura de 35 metros.
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"A Prefeitura de Tamandaré, por meio de sua assessoria de imprensa, comunica que o Prefeito de Tamandaré/PE, Sérgio Hacker Corte Real, se encontra profundamente abalado pelo fato já noticiado pela imprensa (lamentável perda do pequeno Miguel), e que no momento próprio e de forma oficial, prestará as informações aos órgãos competentes", diz o texto.
A esposa do prefeito, Sari Corte Real, foi autuada em flagrante pelo crime de homicídio culposo, por ter deixado a criança andar sozinha no elevador. Ela pagou uma fiança de R$ 20 mil e foi liberada.
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Mirtes constava como funcionária da prefeitura
Após a morte do menino, também veio à tona que Mirtes Renata consta como funcionária da prefeitura, mesmo trabalhando na residência particular do prefeito. Os dados sobre a mãe de Miguel estão registrados no cadastro da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), órgão ligado ao Ministério da Economia. Nele, aparece como data de admissão da funcionária o dia 1º de fevereiro de 2017, sem registro de desligamento.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) informou que apura o caso junto à prefeitura. Se for confirmada a irregularidade, o gestor poderá responder por crime de responsabilidade e infração político administrativa. "Na existência de pagamentos por serviços não prestados, as pessoas envolvidas deverão ser chamadas a devolver a quantia recebida. Neste caso específico, o prefeito poderá responder solidariamente, ou seja, terá que também ressarcir os cofres públicos", diz o órgão.
O caso de outros servidores que poderiam estar na condição de "fantasmas" também será apurado, através de uma auditoria especial.