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Moradores da Mata Sul aguardam obra de barragem parada desde 2013

Eles vivem com medo das enchentes ocorridas nos últimos anos

Ana Maria Santiago de Miranda
Ana Maria Santiago de Miranda
Publicado em 18/06/2020 às 16:51
Reprodução/TV Jornal Interior
FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

Com obras paralisadas desde 2013, a Barragem de Panelas 2, que está sendo construída em Cupira, no Agreste de Pernambuco, iria aliviar a tensão dos moradores da Zona da Mata Sul do Estado. A barragem estava com 50% das obras concluídas quando a construção foi parada. Quando chove forte, a água faz subir os níveis dos reservatórios e provoca enchentes em vários municípios da região. Nos últimos anos, centenas de famílias ficaram desabrigadas em Belém de Maria, Catende, Barreiros, Água Preta, entre outros municípios.

"Sempre acontece cheia na nossa cidade. Nós passamos pela de 2000. Em 2017 teve essa enchente, chegou aqui a 1,9 metro, já com o piso elevado", relembra o comerciante Juarez Batista. Os prejuízos são incalculáveis. Mesmo sabendo dos riscos, nunca dá tempo de retirar todos os objetos para tentar salvá-los. A água é sempre mais rápida.

A cabeleireira Lindalva Ferreira já chegou a perder quase tudo quando a água cobriu a casa dela inteira. "Fomos para uma reunião, disseram que iam fazer a barragem, mas foi só conversa. A gente precisa de uma pessoa para agilizar. É muito difícil", contou.

Em 2011, o agricultor Luciano Maia chegou a trabalhar na construção da barragem: "Quem passa na estrada que vê a barragem, acha que está concluído aquela altura, mas ainda faltam uns 20 a 30 metros para encostar na ribanceira. Se eles tivessem concluído pelo menos até a barreira, não traria mais tanto risco para as cidades como Belém de Maria, Catende, Maraial, Água Preta", opina.

Para o coordenador da Defesa Civil de Belém de Maria, Natanael Silva, não há outras possibilidades de solução. "O que de fato é necessário para sanar o problema é a conclusão da barragem, não só para Belém de Maria como para outros municípios da Mata Sul. É um efeito cascata, uma vez que você não tem a Barragem Panelas concluída, você fica vulnerável a novas inundações. E o desastre não avisa quando vai acontecer", lamentou.

Outras barragens

Outras três barragens de contenção também estão com as obras atrasadas. A Igarapeba, em São Benedito do Sul, parou em 38% das obras. Esta beneficiaria cerca de 220 mil moradores. A de Lagoa dos Gatos tem apenas 20% das obras.

A de Barra de Guabiraba, que beneficiaria ainda Cortês e Sirinhaém, parou em 25%. Em Barra, mais de 1,2 mil famílias ficaram desabrigadas esta semana após o rompimento de uma barragem privada em Sairé.

Em nota, a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado informou que a conclusão das obras das barragens é prioridade até 2022, com investimentos de R$ 300 milhões do governo. Segundo a nota, a crise financeira de 2015 fez com que o governo optasse pela Barragem de Serro Azul, em Palmares.

As obras da Panelas 2 devem ser retomadas em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional. Para isto, serão necessários R$ 46 milhões de emendas parlamentares.