Um padre da cidade de Carlinda, no Mato Grosso, se envolveu em uma polêmica após comentar em uma postagem no Facebook que a menina de 10 anos, que engravidou após ser estuprada pelo tio, teria compactuado com a violência sexual.
"6 anos, por 4 anos e não disse nada. Claro tava gostando" (sic), escreveu. Ele ainda complementou com a frase: "gosta de dar, então assuma as consequências". A criança, que é do Espírito Santo, passou por um aborto legal no início desta semana em um hospital do Recife, capital de Pernambuco, com autorização judicial.
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O comentário repercutiu entre os usuários da rede social e gerou uma série de críticas. Na quinta-feira (20), o religioso decidiu pediu desculpas. "Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão", publicou.
Na nota, ele afirma que não teve a intenção de usar palavras de baixo calão, "as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana". Ele excluiu o perfil da rede.
A criança engravidou depois de sofrer estupro por cerca de quatro anos na cidade de São Mateus, no Espírito Santo. Ela teria tido o atendimento negado no estado e após autorização judicial, pôde realizar o procedimento no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no Recife (PE). Ela já recebeu alta e voltou para o estado de origem.
A gravidez foi descoberta no dia 8 de agosto, quando a menina foi levada para um hospital de São Mateus. A equipe médica desconfiou da gestação devido aos sintomas relatados e ao tamanho da barriga da menina. A vítima acabou contando aos profissionais de saúde e à tia que sofria a violência sexual desde os seis anos, e era ameaçada pelo tio. O suspeito fugiu após a descoberta da gravidez e foi preso na última terça (18).
A decisão proferida na última sexta-feira (14), pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude de São Mateus, Antonio Moreira Fernandes, determinou que a criança fosse submetida ao procedimento de melhor viabilidade e o mais rápido possível para preservar a vida dela.
Antes da criança fazer o procedimento, o caso veio à tona e provocou confusão em frente à unidade de saúde. Um grupo liderado por vereadores e deputados ligados à igreja evangélica e à católica protestou contra realização do procedimento. Também havia pessoas defendendo o direito da criança de abortar, por causa da violência sofrida e da idade. Houve bate-boca e empurrões.
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