Uma pesquisa realizada com pacientes pernambucanos apontou que o covid-19 pode ser transmitido além dos 14 dias após o surgimento dos sintomas da doença. Foram utilizados dados dos primeiros 557 pacientes pernambucanos que foram infectados pelo coronavírus. A pesquisa vem de uma cooperação entre a Fiocruz Pernambuco, o Lacen-PE e a Universidade de Pernambuco/Campus Serra Talhada, no Sertão.
O estudo descobriu que pacientes graves diagnosticados após 14 dias do início dos sintomas tinham carga viral mais alta do que pacientes com quadro leve. "Um dos pacientes teve amostra (RT-PCR) coletada no 39º dia de sintoma de covid-19, e o resultado foi positivo. Isso sugere que o mais seguro é propor três semanas de isolamento, a partir do início de sintomas, em vez de duas semanas, como vem sendo feito. Essa recomendação é importante porque há casos em que há excreção viral além do 14º dia das manifestações da doença", explica o pesquisador da Fiocruz Pernambuco e coordenador da pesquisa, Lindomar Pena.
O coordenador disse que os cuidados para evitar a doença devem ser reforçados. "É importante as pessoas reduzirem a exposição ao vírus."
A idade dos pacientes infectados variou de 27 dias a 97 anos, no estudo. O sintoma mais comum foi tosse (74%), febre (67%), falta de ar (56%), dor de garganta (28%) e saturação de oxigênio abaixo de 95% (24%). Nos casos letais, 86% dos pacientes tinham mais de 51 anos. O tempo médio do início da doença até o diagnóstico foi de quatro dias (com variação de 0 a 39 dias).
O trabalho foi publicado nessa terça-feira (29) na revista internacional Travel Medicine and Infectious Disease. O estudo usou ferramentas de geolocalização para observar o caminho percorrido pelo vírus desde o começo da transmissão comunitária da covid-19 em Pernambuco.
"Através da análise geoespacial, usada para identificar a população mais acometida pelo vírus nos primeiros casos de covid-19 em Pernambuco, será possível direcionar políticas de prevenção e controle e fortalecer programas que visem rastrear indivíduos que viajaram para diferentes locais do mundo e retornaram ao Brasil sem passar por quarentena e testes de triagem. Isso é fundamental para impedir que doenças infeciosas, não endêmicas em nosso País, sejam introduzidas e causem epidemias em larga escala", disse o biomédico do Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) Jurandy Magalhães.
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