Investigação

Dr. Jairinho teria tentado impedir que corpo de Henry fosse levado ao IML, segundo executivo do hospital

Vereador e esposa foram presos suspeitos da morte da criança

NE10 Interior
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Publicado em 08/04/2021 às 10:58
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O vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) teria tentado impedir que o corpo do seu enteado Henry Borel não fosse encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). A informação é de um novo depoimento dado para a polícia.

O menino Henry morreu no dia 8 de março, vítima de assassinato com tortura e sem chance de defesa, segundo a polícia. O padrasto Dr. Jairinho e a mãe do menino, Monique Medeiros, foram presos na manhã desta quinta-feira (8) suspeitos de atrapalhar as investigações e ameaçar as testemunhas.

A prisão é temporária, válida por 30 dias. A defesa do casal nega envolvimento dos suspeitos com a morte da criança, que alegam que Henry morreu vítima de acidente doméstico.

Durante um depoimento na tarde dessa quarta-feira (7), a testemunha, que é um executivo da área de saúde, disse que recebeu mensagens do vereador na madrugada do dia 8 de março, após o casal chegar com a criança ao hospital. Na mensagem, o vereador pedia que o corpo do menino não fosse levado para o IML.

O executivo disse também aos policiais que o vereador ligou quatro vezes pra ele. Na última tentativa, o executivo atendeu e Jairinho teria falado da morte de Henry de maneira tranquila.

O homem contou no depoimento que ligou para o hospital para saber o que aconteceu e para pedir que o corpo do menino fosse liberado por causa do sofrimento da mãe, que foi dito por Jairinho. O executivo entrou em contato com um diretor médico do hospital e recebeu a explicação de que o corpo teria que ser examinado no IML antes de dar o atestado de óbito.

Violência

Durante as investigações do caso, a polícia chegou a afirmar que descobriu que, antes do fim de semana da morte de Henry, o vereador Dr. Jairinho já agredia o menino com chutes, rasteiras e golpes na cabeça. Policiais afirmaram que a mãe, Monique, já sabia das agressões desde, pelo menos, fevereiro.

Os investigadores alegam que o vereador teria praticado ao menos uma sessão de tortura com Henry em fevereiro deste ano. Desde o dia da morte da criança, a polícia ouviu pelo menos 18 testemunhas e reuniu provas técnicas que descartaram a hipótese de acidente.

O resultado da necropsia, feita pelo Instituto Médico-Legal (IML) aponta para uma ação violenta e destaca que a criança sofreu “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, apontou “grande quantidade de sangue no abdômen", “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”.

O documento diz que a causa da morte de Henry foi “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.