Uma bebê nasceu no Recife no último dia 10 de maio com anticorpos contra a Covid-19 após sua mãe ser vacinada contra o vírus. A dentista Anna Carla Calazans, de 33 anos, recebeu em março as duas doses do imunizante que é desenvolvido pelo Instituto Butantan e pela chinesa Sinovac, quando estava com 32 e 34 semanas de gestação, em um dos pontos de vacinação da capital pernambucana, no Patteo Olinda Shopping.
Em abril, a mãe da criança fez o teste para avaliar os anticorpos totais neutralizantes em um hospital particular e foi constatado que ela estava com 94,2% de imunidade. A boa surpresa veio quando, na última segunda-feira (31), sua filha, a bebê Ana Carolina Calazans, fez o mesmo teste e o resultado foi exatamente igual: 94,2% de imunidade.
"Eu fiquei muito impressionada porque eu sabia que ela iria estar imune, mas eu só sosseguei quando vi no papel os anticorpos dela e quando eu abri, chega fiz: 'oxente', pensei que tinha aberto o meu exame, porque eu vi a porcentagem idêntica. O pediatra dela disse que com certeza ela estaria imune e eu fiquei muito impressionada porque ela não só está (imune) como ela também está com a porcentagem idêntica à minha", relatou.
Para ser imunizada, Ana contou que recebia acompanhamento do seu médico obstetra, que elaborou um laudo para autorizar a vacinação. "Desde que liberou a vacina eu disse para o meu médico que eu tinha vontade de tomar e perguntei se ele liberaria. Ele disse que, na época, não tinha estudo, não tinha grávida tomando, mas era algo muito individualizado e que tinham estudos da Federação Brasileira de Ginecologia que em casos como meu, uma paciente considerada de alta exposição, ele poderia liberar", contou a mãe.
Em entrevista ao JC, o médico que acompanhou Anna Carla, doutor Thiago Saraiva, explicou que a imunização ocorreu de forma passiva. "A imunização pode ser dada de diversas formas, quando você adquire a doença e aí você vai ter a imunidade depois, mas do caso de Anna Carla foi porque ela foi vacinada. Mas hoje em dia a recomendação é que a gente não faça exame para saber se tem proteção pela vacina porque não precisa. E de acordo com cada vacina, vai ter um percentual de imunização com a primeira dose e segunda dose", detalhou o médico.
"Essa imunização a gente chama de passiva, que o bebê vai receber os anticorpos da mãe, mas eles não vão ser duradouros. Ele vai ter uma proteção de, em média, dois meses. Então, depois o bebê, teoricamente, quando tiver indicação, ele vai ser vacinado também, o que não é o caso agora", completou Thiago Saraiva.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que ainda não existem protocolos estabelecidos pelo Ministério de Saúde (MS) para a avaliação laboratorial de recém-nascidos de mães que receberam a vacina contra a Covid-19. Apesar disto, a SES reforçou a eficácia dos imunizantes. "Embora ainda não haja confirmação da duração da proteção conferida aos bebês nos casos já relatados em outros Estados do país", diz parte da nota.
*Com informações do JC Online
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