O período junino é muito popular em cidades do norte e nordeste, durante todo o mês cada cidade festeja a época com comidas típicas, celebrações religiosas, músicas populares, apresentações de quadrilhas e dançando muito forró. Apesar de ser uma festa muito popular, duas cidades do nordeste disputam o título de maior e melhor São João do mundo.
Essa "rivalidade" não é de hoje, muitos dizem que Caruaru, no Agreste de Pernambuco, possui o maior e melhor São João, há quem discorde e diga que Campina Grande, no Agreste da Paraíba, é merecedora do título. Não se sabe ao certo como a disputa começou, mas todo ano, sempre surgem boatos de que uma das duas é considerada a melhor.
Além de competirem pelo mesmo título de maior São João, Campina Grande e Caruaru possuem muitas semelhanças, é o que explica o historiador Cícero Agra. "São cidades que tem geografias ou espacialidades parecidas, cidades do Agreste, cidades que ligam regiões de seus respectivos estados, sertão, litoral, e que, historicamente, viveram e crescerem da atividade comercial de suas feiras", ressaltou o pesquisador.
O NE10 Interior, também identificou algumas semelhanças entre as duas festas, e resolveu listar as principais características do São João de Caruaru e Campina Grande. Para fazer o comparativo, o NE10 resolveu separar as características que mais estão presentes na festa como: São João de rua, palcos centrais e descentralizados, trem do forro, comidas gigantes entre outras.
Por isso, conversamos com Walmiré Dimeron, historiador de Caruaru. Também conversamos com Cícero Agra historiador de Campina Grande e Emanuel Sousa secretário de finanças da prefeitura de Campina Grande, que contou um pouco sobre a cultura do município.
De acordo com o historiador Walmiré Dimeron, o Trem do Forró era uma das grandes atrações turísticas em Pernambuco. Durante o São João, o Trem do Forró saia de Recife com destino à Caruaru com vagões decorados com temas juninos, e trios de forrozeiros e bandas de pífanos animavam os passageiros com quadrilhas improvisadas. Tudo isso dentro de um trem que representavam um arraial sobre os trilhos.
"Nasceu em 1987, quando um grupo de servidores estaduais saíram de trem da Estação Central do Recife com destino à Caruaru, numa iniciativa do programa Pró-Lazer, com cerca de 60 passageiros, ao som de uma banda de pífanos e forrozeiros. Tornou-se uma das principais atrações do São João pernambucano, atingindo até mil passageiros por viagem", contou Walmiré.
No entanto, a atração fez sua última viagem em 2000, por conta das péssimas condições dos trilhos da ferrovia. Desde 2001, o Trem do Forró tem novo roteiro, com destino ao Cabo de Santo Agostinho. Mas essa tradição não era só em Pernambuco, na Paraíba o Trem do Forró também se tornou uma das grandes atrações de São João. Segundo o secretário de finanças de Campina Grande, Emmanoel Sousa, o Trem do Forró faz o percurso de Campina Grande ao Distrito de Galante.
"Anualmente é realizado no período junino quando é utilizada a antiga linha férrea que liga Campina Grande a distrito de Galante, em um passeio bucólico onde, em cada vagão, há um trio de forró que animam os passageiros na ida e na volta. Na chega ao distrito, há um grande aparato gastronômico ao longo da rua principal e atrações artísticas locais no Mercado Público que é transformado em um imenso arraial para o São João", explicou.
Diferente de Caruaru, o Trem do Forró de Campina Grande continua ativo e todos os anos percorre o mesmo destino levando milhares de turistas.
Tanto em Caruaru como em Campina Grande existem palcos principais onde são recebidos o maior público da festa. O Pátio de Eventos Luiz Gonzaga tem capacidade para mais 100 mil pessoas e foi criado no início da década de 90, sendo finalizado em 1995. De acordo com o historiador Walmiré Demeron, o Pátio do Forró foi um marco para o São João que conhecemos hoje.
"Essa festa vai chegando na cidade gradativamente através dos bairros periféricos e algumas ruas da cidade começam se ornamentar, as rádios começam a incentivar, surgem os concursos de rua, a coisa vai evoluindo e atingem o ápice. A prefeitura começa a enxergar a festa como uma oportunidade de divulgar a cidade. A partir dos anos 80 a prefeitura começa a fazer a experiência de centralizar o São João e depois começa a construção do Pátio do Forró", afirma o historiador.
Junto com a inauguração do Pátio do Forró, também foi inaugurado a Vila do Forró, uma parte mais tradicional do local onde comerciantes podiam vender artigos turísticos. No entanto, a Vila foi demolida em 2011, durante o mandato do ex-prefeito José Queiroz, com a justificativa de que com a demolição sobraria mais espaço para abrigar mais pessoas durante o São João.
Em Capina Grande, o palco principal é chamado de Parque do Povo. Construído na década de 1986, o local também tem capacidade para 100 mil pessoas, é dividido em três áreas e possui uma área coberta em formato de pirâmide, antes conhecida como forródromo.
"O Parque do Povo é dividido em três áreas: A parte superior, a parte inferior e a parte central que é onde tá a área coberta que é o antigo forródromo, também denominada de pirâmide do Parque do Povo. Ao longo dos anos, desde que exista a festa de São João em Campinas, o Parque do Povo passou por uma sede de revitalizações, inclusive nessa área coberta", explicou o historiador Cícero Agra.
As comidas gigantes são uma das grandes tradições do São João de Caruaru que teve início no ano de 1999. De acordo com Walmiré, a primeira comida gigante registrada é a Pamonha Gigante, criada pelos moradores da Rua Mestre Tota.
"Os moradores da rua Mestre Tota se reuniram e criaram a Festa da Pamonha Gigante, em 1999. Com o sucesso imediato, outros moradores de outros bairros da cidade se mobilizaram e foram promovendo outras festas, dentro da temática, a exemplo: maior cuscuz do mundo, bolo de milho gigante, maior pé-de-moleque do mundo, munguzá gigante, maior pipoca e maior salgadinho do mundo, maior arroz doce do planeta, entre outros", disse.
As Comidas Gigantes foram uma iniciativa dos próprios moradores que começaram nas zonas urbanas se estendendo para as zonas rurais. Atualmente, as comidas contam com patrocinadores e apoio oficial, sendo organizadas através da Associação dos Idealizadores das Comidas Gigantes de Caruaru. Em 2019, foram realizadas 36 comidas gigantes na cidade e 6 na zona rural.
Mais uma das semelhanças do São João de Caruaru e Campina Grande é o São João de Rua. Nas duas cidades as festa de São João começou pelos bairros e tomou proporções grandiosas até serem centralizadas. Segundo Walmiré a partir da década de 1960, as ruas da cidade que se enfeitavam timidamente, passaram a investir mais nos festejos, o que motivou a realização de concursos de "Rua mais enfeitada" ou "Mais animada".
"Marcaram época ruas como Av. Rio de janeiro, 03 de maio, Capitão Zezé, 27 de janeiro, São Roque, dentre outras. Começam a surgir os "palhoções" como o do Petrópolis (de Marrone), de Zé Lucia, o Forrozão, o Arrastão, a Casa do Forró. A Prefeitura passa a enxergar o potencial turístico do evento e tem início as tentativas de centralização da festa", explicou.
Em Campina Grande, os arraiais também começaram nos bairros, mas sempre foi mais centralizado no antigo Palhoção onde hoje é o Parque de Povo. "Na década de 70 e 80 as festas mais populares eram as quadrilhas e arraiais. A maior quadrilha da época era "Xote Menina", realizado na rua Vidal de Negreiros outra muito popular era a "Roda menina que eu quero ver", na rua Martins Júnior", relatou Cícero Agra.
Atualmente, a Prefeitura de Caruaru, investe em polos descentralizados. Em 2019, foram 24 polos de festa com programações espalhadas pelas zonas urbanas e rurais da cidade. Em Campina Grande, são poucos os arraiais de bairro. Praticamente todo o São João está concentrado no Parque do Povo, no distrito de Galante, e em algumas casas de show como Spazio e Vila Forró.
Na última semana, uma publicação no Instagram chamou a atenção dos internautas. De acordo com a publicação, o São João de Caruaru, foi reconhecido como o maior São João do Mundo pelo Guiness World Records, livro de recordes. O NE10 Interior entrou em contato com o Guiness Book para saber se a informação é realmente verdadeira.
Confira a publicação:
Ao NE10 Interior, o Guiness respondeu não existe registro do título de melhor e maior festa junina em Caruaru. Por meio de e-mail eles escreveram:
"Após checar a nossa base de dados e em outros registros, eu posso confirmar que a cidade de Caruaru não está registrada no Guiness World Records como detentora de recorde algum e não foi recebido por nós qualquer requerimento sobre o assunto. Na verdade, o recorde em questão sequer é monitorado pelo Guiness World Records no momento."
Até o momento não existe nenhuma fonte que confirme qual São João é o maior e melhor do mundo, mas pra você, qual São João é o melhor? Caruaru ou Campina Grande?
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