O estado de Sergipe - onde um homem negro e desarmado foi morto, durante uma truculenta abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), nessa quarta-feira (25) - é a unidade de Federação com o 3º maior registro de mortes por intervenção policial do Brasil.
Os dados são da Fórum Brasileiro de Segurança Pública e apontam para 196 mortes efetuadas pela polícia no estado de Sergipe em 2020, último ano em que os dados foram colhidos. Quarenta e quatro dessas mortes foram em Aracaju, o que torna a capital do estado, o 19º município com maior número de mortes por intervenção policial do Brasil.
É importante destacar que os dados incluem mortes causadas por policiais civis e militares do Estado — ações da PRF, como as do caso Genivaldo de Jesus Santos, não estão na estatística.
Ainda segundo o relatório o país atingiu no ano de 2020 o maior número de mortes em função de intervenções policiais da história. Foram 6.416 vítimas fatais de intervenções de policiais civis e militares da ativa, em serviço ou fora, um crescimento de 190% em relação a 2013, primeiro ano de monitoramento.
Com informações do portal Terra.
Nesta quarta-feira (25), um homem desarmado veio a óbito após uma truculenta abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O episódio fatal ocorreu na BR-101, em Sergipe.
Segundo um sobrinho, Genivaldo de Jesus Santos, o homem com 38 anos de idade, tinha transtornos mentais.
Nas imagens, que viralizaram nas redes sociais, é possível ver o começo da ação que resultou na morte do homem, que estava desarmado e não tinha histórico de agressividade.
Segundo o sobrinho Wallyson de Jesus, os agentes da PRF abordaram Genivaldo, enquanto a vítima pilotava uma moto. Até o fechamento desta reportagem, não se sabe o que provocou a ação da Polícia.
Maria Fabiana, esposa de Genivaldo, 38, narrou os momentos de desespero que viveu ao ver seu marido morrer asfixiado dentro de viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo família, Genivaldo possuía transtorno mental. A condição mental dele, que foi informada aos policiais no momento, não amenizou truculência da polícia, que prendeu o homem na viatura com um tipo de gás dentro.
Em entrevista ao Portal Fan F1, Maria Fabiana afirmou que Genivaldo era conhecido na localidade e, por isso, muitas pessoas são ouvidas na filmagem tentando ajudá-lo. "Não façam isso, ele tem problemas mentais", pediam populares.
A mulher disse que estava em casa quando foi avisada que o marido estava sendo levado pela PRF. "Um conhecido meu me ligou e falou: "Vem aqui rápido no posto de reforço porque estão massacrando seu marido".
"Chegando lá, ele (Genivaldo) já estava de bruços dentro do carro. Não ouvi mais a fala dele, eles (policiais) trancaram ele. Pedi para que abrissem (o porta-malas) para entrar ventilação, o ar estava muito 'coisado' de pimenta. Eu passei até mal, porque eu cheguei bem juntinho dele (Genivaldo). O policial falou "Ele tá melhor do que nós, aí dentro está ventilado", relatou, segundo o jornal O Globo.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Danniel Alves Costa, se pronunciou sobre o caso. Ele disse que: "Neste momento a OAB, a família e toda a sociedade exige uma resposta rápida das apurações caso fique realmente demonstrada a culpa desses policiais envolvidas."
"A gente exige um afastamento e que eles sejam penalizados não é esse tipo de abordagem que a gente espera da polícia. Já coloquei a Comissão de Direitos Humanos para acompanhar esse caso, vamos mandar um documento oficial para a Corregedoria de Polícia e vamos seguir vigilantes", completou Danniel.
Por meio de nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que abriu um procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos na abordagem.
Segundo o pronunciamento, o homem "resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe PRF. Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba".
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