No dia 5 de março deste ano, o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República, Mauro Cid, admitiu que as joias da Arábia Saudita entregues a Bolsonaro seriam itens de "interesse público, mesmo que sejam privados".
De acordo com informações obtidas com exclusividade pelo UOL, Cid ainda registrou imagens do documento da Lei 8.394 pelo celular, sublinhando o trecho que a União teria preferência sobre os bens em caso de vendas.
Ao citar que as joias são "bens de interesse público", o ex-ajudante de Bolsonaro vai de encontro à recente estratégia de defesa do ex-presidente: que faz referência à intenção de pedir a devolução das joias ao TCU - Tribual de Contas da União -, alegando que os itens pertenceriam ao ex-presidente.
Inclusive, em registros de mensagens entre Mauro Cid e o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, o tenente-coronel afirma o seguinte: "Pergunta para eles se os ben (sic) de Collor, FHC, Lula e Dilma pagaram algum imposto?". Em seguida, Wajngarten diz: "Não é isso".
Cid presta 12 horas de depoimento
Na última quinta-feira (31), foi realizada a oitiva de Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal (PF). O ex-presidente, no entanto, usou a estratégia de permanecer em silêncio ao saber que o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid também estava prestando depoimento.
Além disso, a esposa do ex-presidente da República, Michelle Bolsonaro, o pai de Cid, o general Lourena Cid, e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, também foram ouvidos.
A intimação da PF refere-se ao inquérito que investiga a suposta venda de joias da Arábia Saudita, recebidas pelo ex-chefe do Executivo em viagens oficiais.
A suspeita é de que Mauro Cid e o pai tenham negociado a venda das joias nos Estados Unidos, incluindo um relógio Rolex que foi supostamente vendido por R$ 300 mil.
Quem a PF ouviu:
Além de Bolsonaro e Michelle, a Polícia Federal recolheu o depoimento do:
- Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cesar Barbosa Cid;
- Gerenal Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Cid;
- Advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten.
- Advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef;
- Assessor de Bolsonaro e coronel do Exército, Marcelo Câmara;
- Assessor de Bolsonaro e tenente do Exército, Osmar Crivelatti.
Caso das joias
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, confessou recentemente que o ex-chefe do Executivo ordenou a venda das joias recebidas da Arábia Saudita. O dinheiro teria sido repassado a Bolsonaro em éspecie, para não deixar rastros.
A informação foi inicialmente publicada pela Revista Veja e confirmada posteriormente pela CNN.
Cid está preso desde o dia 3 de maio e, segundo investigações da Polícia Federal (PF), o ex-ajudante teria levado presentes de alto valor da Arábia Saudita aos Estados com a intenção de vendê-los. O esquema teria movimentado cerca de R$ 1 milhão.
Ainda de acordo com a PF, a conta do pai de CID teria supostamente sido utilizada para receber os valores. Foram depositados cerca de R$ 68 mil.
Michelle ironiza investigação
No dia 26 de agosto, durante um evento do PL Mulher, em Pernambuco, Michelle Bolsonaro ironizou a investigação da PF e disse que o caso das joias deve "desviar o foco" da CPI do 8 de janeiro.
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Mas vocês pediram tanto, vocês falaram tanto de joias, que em breve teremos lançamento Mijoias para vocês. [...] Vou falar para vocês: quem me colocou aqui vai me fortalecer, que é Deus”, disse a ex-primeira-dama"
Bolsonaro se pronuncia
Em depoimentos anteriores, Bolsonaro decidiu se pronunciar:
"Eu não peguei dinheiro de ninguém. Minha marca é a honestidade e sempre será. Contra mim, não tem absolutamente nada. Não há nada de concreto contra mim. O tempo vai mostrar tudo", disse Bolsonaro à CNN.
"Acredito que o Cid esteja preocupado com o pai dele. Soube que tanto o pai como a mãe estão deprimidos. Ele já está preso há mais de 100 dias. Quem não fica abalado? É triste isso. Eu lamento tudo o que está acontecendo", finaliza do ex-presidente.