Especial Vítimas do Tráfico: Após anos no vício e na criminalidade, jovem de 25 anos luta para reconstruir a vida longe das drogas
No segundo episódio da série especial da TV Jornal Interior, jovem revela como começou a usar drogas aos 12 anos e hoje sonha com um recomeço

No segundo episódio da série especial Vítimas do Tráfico, exibido pela TV Jornal Interior na última quarta-feira (9), o público conheceu a história de Miguel Henrique, de 25 anos, um jovem que mergulhou no mundo das drogas ainda na infância e que hoje, após anos de sofrimento, tenta reescrever sua trajetória.
Tudo começou de forma aparentemente inofensiva, dentro da escola, ao lado de colegas. Miguel tinha apenas 12 anos quando experimentou o primeiro cigarro. Pouco tempo depois, veio a maconha. E então, o crack. “Fumava de vez em quando, aí fui gostando. Fui só procurando amizades erradas e me envolvendo”, contou ele.
Ainda adolescente, Miguel passou a ajudar um conhecido no tráfico de drogas. Seu trabalho era cortar o crack para montar as porções que seriam vendidas. O que sobrava, ele usava misturado à maconha. “Fumei a primeira vez e gostei. Aí sempre voltava pra fumar”, lembrou.
Mesmo com o vício em avanço, tentou seguir uma vida “normal”. Tornou-se pai, destacou-se como gesseiro e parecia disposto a mudar. Mas a dependência o acompanhava, silenciosa, corroendo suas chances. “Eu fui tendo problemas no casamento, eu tava no tráfico ainda nesse tempo e comecei a usar o crack com mais frequência.”
Vítimas do Tráfico - Episódio 2
Para alimentar o vício, Miguel passou a furtar dentro da própria casa. Enquanto a mãe, Patrícia, trabalhava à noite como técnica de enfermagem, objetos sumiam. Logo, os pequenos furtos evoluíram para assaltos.
“Coloquei minhas roupas numa bolsa, peguei uma peixeira e saí andando. Anunciei o assalto numa lanchonete e o filho da dona que tava lá. Aí ele me deu dinheiro, me entregou uma caixa de sapato com o dinheiro e eu saí correndo. Umas duas ruas depois, a polícia me pegou no flagrante. Apanhei muito, minha mãe tava rodando na cidade atrás de mim, me procurando, isso eu já tava preso”, relembrou.
A prisão foi o choque definitivo para a família. A tia de Miguel, Adriana Barbosa, descobriu os crimes por acaso, ouvindo um testemunho na igreja. “Ela começou a falar que vinha em um caminho e um rapaz foi assaltar ela. Aí eu fiquei ali pensando. Ela até falou que deu um abraço no rapaz, ela viu que o rapaz não era assaltante. Ela só tava com um terço na mão e entregou o terço a ele. Quando ela terminou o testemunho dela, aí eu fui lá e perguntei como era esse rapaz e ela contou. Aí eu disse: "Ah, pois foi Miguel". Quando eu cheguei em casa eu fui falar para Patrícia foi quando ela se desesperou. Na outra noite ele assaltou a a lanchonete.”
Confira o episódio 1 da série especial 'Vítimas do Tráfico'
Após tentativas frustradas de reabilitação, Patrícia tomou uma decisão dolorosa, mas necessária: internar o filho novamente. “Disse a ele: ‘Tudo o que estou fazendo é por amor. Enquanto eu tiver fôlego, vou lutar por você’”, desabafou a mãe.
Hoje, após quatro meses de tratamento, Miguel sonha com um futuro diferente. Quer abrir uma empresa de gesso com o padrasto, a quem chama de pai. Quer ser um exemplo para as filhas e um motivo de orgulho para a família. “Minha mãe, meu padrasto e minhas filhas são minha base. Dessa vez, eu vou sair dessa”, garantiu.
Patrícia deixa um apelo aos jovens e às famílias que enfrentam o mesmo drama. “Não experimentem. Não procurem. E quem tem alguém nessa situação, não desista. Porque para tudo tem um jeito. Só é a gente se pegar com aquele lá de cima, porque Deus, a força dele é maior do que qualquer coisa.”
Equipe responsável pelo especial:
Reportagem: Jean Ferreira
Imagens: Jobson Gonçalves
Auxiliar: Rodrigo José
Edição de Texto: Pedro Neto
Chefia de Reportagem: Helder Quaresma
Produção: Samara Morais
Edição de Imagem: Rayana França