Um crime que chocou o país. Assim pode ser definido o assassinato de Daniella Perez, atriz e bailaria de 22 anos, em 1992. Ela era filha de Glória Perez, autora de novelas, e foi morta por seu companheiro de elenco, Guilherme de Pádua, e a então esposa dele, Paula Thomaz.
Mesmo passados quase 30 anos do crime, ele ainda ganha repercussão, sobretudo após o lançamento da série 'Pacto Brutal: o Assassinato de Daniella Perez', produção do HBO Max.
O que chama atenção é que, mesmo tendo sido declarada culpada do assassinato, Paula Thomaz enfrenta uma briga judicial contra a mãe da atriz. Saiba mais detalhes abaixo.
O advogado Sérgio Rodrigues Peixoto, hoje em dia casado com Paula Thomaz, entrou na Justiça contra Glória Perez. Ele tenta impedir que o apartamento onde moram, no Rio de Janeiro, seja penhorado para pagar uma dívida com a autora. As informações são do Notícias da TV.
Sérgio quer impedir que a esposa pague 250 salários mínimos, aproximadamente R$ 300 mil, para Glória. Ele também alega que Paula já pagou pelo crime, ao cumprir um sexto da pena, previamente definida em 18 anos, por bom comportamento.
Esse valor é referente à condenação de Paula Thomaz no processo movido por Glória Perez em 2005, mas que só foi decidido em 2017. A autora pedia danos morais, reembolso do velório e enterro da filha. Para a Justiça, o imóvel em que Paula e Peixoto moram é suficiente para pagar a dívida.
Daniella foi assassinada com 18 facadas no coração, pulmão e pescoço pelo próprio par romântico na trama. O assassino foi condenado a 18 anos de prisão junto com a esposa, que estava grávida.
O ator Guilherme de Pádua começou a assediar Daniella quando os dois ainda gravavam a novela, o primeiro trabalho solo de Glória na Globo. Ele tinha medo de perder espaço na trama e passou a pedir para que a companheira de cena intervisse a seu favor.
Antes do fim daquele ano, Pádua notou que não tinha participação em dois capítulos finais da novela. Assim, no dia 28, ele deixou a gravação e foi para casa buscar lençol, travesseiro e a mulher, Paula.
Eles aguardaram a saída de Daniella do set de gravações e, com o carro, a fecharam em um posto de gasolina. A filha de Gloria desceu do veículo para entender o que estava acontecendo e questionar Pádua, que a agrediu em seguida, deixando-a desacordada.
O assassino colocou Daniella no próprio carro, que foi dirigido por Paula, enquanto ele seguia conduzindo o veículo que era da atriz.
O casal foi até a Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, e procurou por um terreno baldio. Ali mesmo, Daniella foi assassinada. Moradores da região estranharam a movimentação e ligaram para a polícia, que chegou quando o casal não estava mais lá.
A polícia descobriu que o ator estava envolvido no assassinato da atriz por causa da placa do carro, que foi anotada por testemunhas. Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram condenados a 18 anos de prisão, mas ambos deixaram o presídio após cumprirem um terço da pena, em 1999.
Em entrevista ao Splash, Glória Perez revelou que ela mesma entregou o material que foi usado na série sobre Daniella, incluindo fotos brutais. "Se você quer contar essa história, tem que mostrar o que eles fizeram", disse ela.
"O que me incomoda é que esse crime tenha sido cometido e que tenha sido tratado da maneira que foi. Eu acho que as fotos não deixam minimizar nada", acrescentou Glória.
"Você olha e foi exatamente aquilo que foi feito. Então, me dói ver aquilo? Muito. Mas me doeu ver aquilo ao vivo, como eu vi. E ver depois como aquilo foi tratado de maneira a minimizar (o crime)", contou a autora.
Através de seu perfil no Instagram, a mãe de Daniella também postou um vídeo relembrando a sentença de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.
"Mantive sempre a determinação de não sujar minha página com nome nem presença dos dois psicopatas, mas hoje eu devo: essa Sentença é ponto final. Psicopatia, motivação, tudo se explica aqui", escreveu.
Graças à brutalidade com que aconteceu, o assassinato de Daniella Perez tornou-se um caso midiático na época. Muitos queriam saber quem, de fato, haviam matado a atriz em ascensão e qual seria a punição destinada aos responsáveis.
Pouco depois do crime, a polícia chegou a dois nomes: Paula Thomaz e Guilherme de Pádua. As autoridades descobriram que o ator e a esposa estavam envolvidos por causa da placa do carro, que foi anotada por testemunhas.
De acordo com uma matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo durante a época do julgamento, o depoimento de Paula Thomaz foi marcado por contradições.
Paula chegou a dizer que estava no Barrashopping durante o momento do crime e depois mudou sua versão, dizendo que esteve no espetáculo "A Noite dos Leopardos", de nus masculinos, ao lado do esposo.
Informações ainda relatam que ela teve uma crise de choro e precisou ser retirada do local 15 minutos após o início do interrogatório. Na volta, negou sua participação no crime que matou Daniella Perez durante os 70 minutos de depoimento.
Passados cinco anos do crime, o julgamento aconteceu e ambos foram condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade da defesa da vítima. Guilherme foi condenado a 19 anos, e Paula, a 18 anos e seis meses.
Grávida durante o assassinato, Paula deu à luz Felipe em maio de 1993, enquanto estava presa. Ela e o ator se separaram pouco depois, em decorrência das diferentes versões apresentadas como defesa.
Em grande parte dos depoimentos, ele responsabilizava a estão esposa pelo crime. Com apenas sete anos de prisão, os dois foram colocados em liberdade condicional. Hoje, Guilherme de Pádua é pastor e Paula Thomaz leva uma vida discreta.
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