Caso Miguel: Sarí Corte Real é indiciada por abandono de incapaz

Miguel caiu do 9º andar do condomínio de luxo no Recife
NE10 Interior
Publicado em 02/07/2020 às 11:02
Sari Corte Real foi ouvido nesta segunda-feira Foto: Yaci Ribeiro/ JC Imagem


Sarí Corte Real foi indiciada por abandono de incapaz pela queda de Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos. O resultado do inquérito foi apresentado na tarde dessa quarta-feira (1º). "A conduta de permitir o fechamento da porta, claramente intencional, conduziu a criança à área de insegurança, diante dos vários riscos existentes no edifício. Com essa ação, diversas poderiam ser as formas de encontrar o resultado morte indesejável, mas previsível", explicou o delegado Ramon Teixeira, responsável pelas investigações do caso.

Segundo o delegado, a mulher não tentou ajudar Miguel e, após o elevador se fechar, ela teria voltado para fazer as unhas com a manicure que estava na casa dela. “Ela não fez o acompanhamento, ela própria admite. Isso, somados a outros elementos de prova, como o depoimento da manicure, que afirmou que a moradora retornou ao seu apartamento para retomada dos serviços de tratamento e embelezamento de suas unhas. Há frases consignadas nos autos em que ela afirma que não teria responsabilidade sobre a criança, que deixou o garoto ir passear”, disse Ramon.

De acordo com ele, o abandono de incapaz por Sarí Corte Real ocorreu de forma dolosa, com intenção. A pena prevista é de 4 a 12 anos de reclusão. O delegado descartou a possibilidade do homicídio doloso e do dolo eventual.

O caso agora vai para o Ministério Público, a quem caberá fazer a denúncia. A promotoria poderá concordar ou não com o indiciamento. Se a denúncia foi aceita pela justiça, a mulher será considerada réu.

Um dos responsáveis pelo laudo pericial, o perito do Instituto de Criminalística (IC) André Amaral, explicou que as imagens das câmeras de segurança ajudaram a entender os acontecimentos que antecederam a queda do garoto: "Com sincronias de imagens, conseguimos visualizar a dinâmica de tudo o que aconteceu. Do momento em que ele sai do elevador até o momento da queda. Foi possível, diante dessa cronometragem, afirmar que não havia a possibilidade da existência de outra pessoa no local, no momento da queda".

Miguel caiu do nono andar do prédio onde sua mãe, Mirtes Renata da Silva, trabalhava. Ele tinha ficado no apartamento, aos cuidados da patroa de sua mãe, Sari Côrte Real, enquanto Mirtes passeava com o cachorro dos patrões. Ele foi deixado sozinho no elevador por Sarí pouco antes da queda.

O inquérito tem mais de 20 depoimentos, incluindo moradores e funcionários do local. Um dia após a queda do menino, o delegado autuou em flagrante a patroa da mãe de Miguel, por homicídio culposo. O policial afirmou que Sarí foi negligente por deixar Miguel usar o elevador sozinho, mas não teve a intenção de matá-lo.

O delegado recebeu o laudo pericial feito no edifício na última sexta-feira. No documento, os peritos constataram que Sarí Corte Real apertou o botão da cobertura no elevador, antes de deixar o menino sozinho. Em depoimento, ela negou ter apertado o botão da cobertura.

Relembre o caso

Miguel morreu após cair de uma altura de 35 metros do condomínio de luxo Píer Maurício de Nassau (Torres Gêmeas), no bairro São José, na área central do Recife. Segundo as investigações da Polícia Civil, o menino entrou no elevador do prédio e foi sozinho até o 9º andar, onde escalou uma grade e caiu de uma altura de 35 metros. Ele estava no apartamento com a patroa da mãe dele e uma manicure.

A mãe dele desceu para passear com o cachorro da patroa. A criança quis ir junto com a mãe, mas foi contido pela dona do apartamento. O menino tentou escapar novamente e a moradora o deixou ir para o elevador sozinho. A patroa da mãe de Miguel, Sarí Corte Real, viu quando a criança entrou no elevador e não a impediu de andar sozinha.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes JC

O seu conteúdo grátis acabou

Já é assinante?

Dúvidas? Fale Conosco

Ver condições

Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory