Pesquisadores investigam benefícios da aspirina contra Covid-19, mas falta confirmação

Mesmo tendo mostrado resultados positivos em testes iniciais, pesquisadores destacam que são necessários estudos mais aprofundados
NE10 Interior
Publicado em 29/03/2021 às 19:30
Estudos mostram possível benefício da aspirina contra Covid-19 Foto: Bigstock


Pesquisas observacionais recentes destacam a hipótese do uso da aspirina como substância benéfica contra a Covid-19. No entanto, o resultado ainda é investigado pelos pesquisadores e, no momento, não significa que a droga deva ser usada para prevenir ou tratar a doença, porque pode provocar graves efeitos colaterais.

Um dos estudos que analisa a substância é o Recovery, que, junto com outras pesquisas, irá ampliar a análise para comprovar a efetividade da droga contra a Covid-19. No dia 22 de março, uma pesquisa interrompeu o recrutamento de mais de 13 mil pacientes. Os centros que integram a pesquisa acompanham os participantes, que continuam tomando a medicação enquanto os dados obtidos são analisados.

A droga é usada em tratamentos de pacientes que apresentam febre e dor, inibindo a formação de plaquetas, os famosos trombos. Em alguns casos, a Covid-19 provoca o aparecimento de trombos no corpo do infectado, o que dificulta a circulação sanguínea e a oxigenação.

"Mas, como todo remédio que mexe com coagulação, a aspirina pode ter efeitos adversos e ir para o outro extremo, que é aumentar o risco de sangramentos", afirma Luciano Azevedo, professor de terapia intensiva da USP e pesquisador do Hospital Sírio-Libanês, ao UOL.

Pesquisas

Uma outra pesquisa observacional encontrou o benefício da aspirina contra a Covid-19 em 30 mil veteranos do exército nos EUA, majoritariamente homens. O resultado do estudo foi publicado na revista Plos One.

Mais da metade dos participantes tinha hipertensão, mais de 30% tinha doenças pulmonares crônicas e diabetes e 15% tinha problemas cardíacos. Os participantes da pesquisa foram divididos em dois grupos, sendo um grupo formado por pessoas que tinham a receita para a medicação quando foram diagnosticados ou que tomaram aspirina nos 30 dias antes do teste e outro sem o prontuário médico da droga.

Nos dois grupos, cerca de 24% dos pacientes usavam aspirina. Foi observada uma taxa de mortalidade menor no grupo que usava a aspirina.

Riscos

Os pesquisadores destacam o risco de sangramentos, principalmente intestinais, em usuários de aspirina. Além disso, todas as pesquisas destacam que é necessário que hajam novos estudos mais robustos sobre a droga. É importante ressaltar que outros medicamentos apresentaram resultados em uma fase inicial, como a cloroquina e a ivermectina, mas falharam em testes mais aprofundados. 

*COM INFORMAÇÕES DO UOL

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